Questão fc9c8aa3-ab
Prova:PUC - SP 2015
Disciplina:Geografia
Assunto:Geografia Política

“Em 2009, a cyberguerra tornou-se um desafio prioritário para a segurança nacional dos EUA. As revelações de Edward Snowden e as reticências americanas em direção à regulamentação internacional do comportamento dos países no cyberespaço confirmaram que não se trata de uma orientação somente defensiva [dos EUA].”

(Joseph Fitsanakis. A doutrina americana de cybersegurança In: Diplomatie [Revista Diplomacia]. Paris: Areori Group, outubro-novembro 2014. p. 26)

Há um novo espaço onde as relações geopolíticas mundiais se manifestam. Chama-se cyberespaço. A esse respeito e tendo em vista as relações geopolíticas é possível afirmar que

A
os TICs (tecnologias de informação e comunicação) se constituem no cyberespaço, espaço esse de abrangência limitada, envolvendo conflitos e espionagem nos países ricos.
B
o que se define como cyberguerra são as ações de espionagem que ocorrem no cyberespaço,entre a Rússia e os EUA, revivendo de certa forma a Guerra cyberespaço Fria.
C
o cyberespaço abrange a escala mundial, mas não o conjunto das relações humanas, ficando restrito às relações políticas oficiais, e às de espionagem, que são clandestinas.
D
o cyberespaço resulta dos avanços dos TICs e é um espaço de relações mundiais e, mais que expressar conflitos geopolíticos, ele mesmo é razão de uma disputa conflituosa.
E
países como o Brasil, cujos investimentos em TICs são frágeis e não permitem nossa inclusão do cyberespaço, aos menos ficam livres de serem vítimas de espionagem.

Gabarito comentado

J
Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: a questão trata do cyberespaço como novo palco das relações geopolíticas — resultado dos avanços das TICs — e pergunta se ele apenas expressa conflitos ou também é causa de disputas entre atores estatais e não estatais.

Resumo teórico (sintético): o cyberespaço é um domínio global construído sobre infraestruturas digitais (redes, protocolos, serviços) que interliga sociedades, economias e militares. Não é apenas palco passivo: atua como meio e ator das disputas contemporâneas — operações de espionagem, ataques cibernéticos, campanhas de desinformação e guerra econômica. Fontes de referência: relatórios do UN GGE sobre comportamento estatal no ciberespaço, o Tallinn Manual (aplicação do direito internacional a operações cibernéticas) e documentos de defesa/cibersegurança de vários países.

Por que a alternativa D é correta? Porque afirma que o cyberespaço decorre dos avanços das TICs e é espaço de relações mundiais; além disso, destaca que o cyberespaço não só expressa conflitos (como um cenário onde eles ocorrem) mas se torna razão de disputas (ex.: ataques que geram crises diplomáticas, competição por normas e controle de infraestrutura). Essa visão incorpora tanto a dimensão técnica quanto a política e estratégica do fenômeno.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta: limita o cyberespaço a conflitos e espionagem em países ricos. Na prática, o domínio é global e afeta todos os países (ex.: ataques a infraestruturas críticas em vários níveis de desenvolvimento).

B — Incorreta: reduz “cyberguerra” apenas a espionagem entre Rússia e EUA. A ciberconcorrência envolve múltiplos atores (estados médios, empresas, grupos criminosos) e ações além da espionagem — sabotagem, guerra informacional, etc.

C — Incorreta: afirma que o cyberespaço não abrange o conjunto das relações humanas e se restringe a relações políticas/espionagem. Na realidade, permeia economia, cultura, comunicação e vida cotidiana; portanto não é apenas um “espaço oficial”.

E — Incorreta: supõe que países com menores investimentos ficam fora do cyberespaço ou imunes à espionagem. Isso é falso: vulnerabilidades podem existir independentemente do nível de investimento; atores externos podem explorar fragilidades e afetar qualquer país.

Dica de prova: procure termos-chave como “abrange a escala mundial”, “razão de disputa” e descarte alternativas que tragam generalizações absolutas (ex.: “apenas”, “somente”, “limitado”). Relacione conceitos teóricos (domínio global vs. arenas regionais; meios e fins) com exemplos concretos (Estônia 2007, Stuxnet 2010, revelações de vigilância) para justificar a escolha.

Fontes úteis: UN GGE reports; Tallinn Manual 2.0; documentos nacionais de cibersegurança e estratégias de defesa.

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