Quem anda pelas ruas de Mumbai, a capital econômica da Índia, não imagina que, por trás de tanta miséria, caos social e analfabetismo extremo, exista tanta tecnologia de ponta e coleções de Prêmio Nobel. A sede do IV Fórum Social Mundial foi, por si só, uma aula sobre os contrastes sociais do mundo moderno.

Lixo na rua, trânsito caótico, ausência de saneamento básico, desemprego em alta, enorme déficit habitacional, mais de 300 milhões de analfabetos... E ao mesmo tempo, como podem ter tecnologia de ponta em softwares, pesquisas avançadas na área de saúde, uma elite científica.

(Disponível em: http://www.confea.org.br/revista/materias/edicao_17/materia_11/materia.asp. Acesso em: 05/05/2007. Adaptado.)

Milton Santos, importante geógrafo brasileiro, dizia que um conjunto de técnicas baseadas na ciência e uma determinada forma política de utilizar essas técnicas resultam na globalização perversa. É característica da indústria de alta tecnologia e contradição na vida social da Índia:

Alternativa correta: B

Tema central: Globalização e suas contradições — como avanços tecnológicos e centros de pesquisa convivem com pobreza, déficit de infraestrutura e altas taxas de analfabetismo em países emergentes. Entender esse tema exige conhecer conceitos de integração econômica, fragmentação social e a crítica de Milton Santos à “globalização perversa”.

Resumo teórico (claro e progressivo): A globalização não é homogênea: há lugares e grupos que se inserem plenamente nas redes globais (sede de multinacionais, centros de P&D) enquanto outros ficam marginalizados. Milton Santos (Por uma outra globalização, 2000) chama atenção para a combinação de técnicas científicas avançadas com formas políticas e sociais que aprofundam desigualdades — daí a expressão globalização perversa. Fontes complementares: Relatórios de Desenvolvimento Humano (PNUD) e estudos sobre desigualdade urbana.

Justificativa da alternativa B: A alternativa B contrapõe “implantação de centros acadêmicos, de pesquisa e desenvolvimento” com “analfabetismo extremo”. Essa combinação expressa exatamente a contradição apontada no enunciado: presença de núcleos de alta tecnologia e ciência formal coexistindo com ampla exclusão educacional. Logo, B traduz a ideia de que o conhecimento de ponta pode conviver com elevadas taxas de analfabetismo — caracterizando a globalização desigual.

Análise das alternativas incorretas:

A: “Desenvolvimento de pesquisas na área farmacêutica / construção de saneamento básico.” Errada porque junta pesquisa avançada com investimento em infraestrutura básica — isto seria uma situação menos contraditória que a do texto. O enunciado enfatiza a falta de saneamento, não sua presença.

C: “Instalação de empresas de tecnologia avançada / investimento no setor de infra-estrutura.” Também incompatível com o contraste descrito: aqui há tecnologia e infraestrutura simultâneas, o que dissolve a contradição presente no enunciado.

D: “Investimentos em tecnologia de ponta em softwares / queda na taxa de desemprego.” A relação causa-efeito apresentada é ingênua: presença de setor de TI não garante redução geral do desemprego, sobretudo em contexto de desigualdade estrutural — portanto não capta a contradição real.

Dica de interpretação (estratégia): Procure pares que expressem contradição social (tecnologia X exclusão). Desconfie de alternativas que estabeleçam relações automáticas de causa/efeito sem considerar desigualdade. Identifique palavras-chave (analfabetismo, centros de P&D, tecnologia de ponta, saneamento) e verifique se a alternativa mantém o contraste do enunciado.

Referência chave: Milton Santos, Por uma outra globalização — do pensamento único à consciência universal (2000); PNUD — Relatório de Desenvolvimento Humano (diversos anos).

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