“Em Paris, um gigante do setor têxtil, [...] o quadro de funcionários é [...] gente muito qualificada para desenhar, criar e desenvolver produtos. Mas as fábricas não estão na França, [...] 60% das peças são fabricadas na China, e os outros 40% no Leste Europeu, para dar mais velocidade de reposição de estoques. Sem investimentos, é difícil criar empregos, e o país que buscar importações baratas, perde competitividade nas exportações”
(In: www.globo.com/jornaldaglobo. Acesso em 26/03/2007)
No fragmento da reportagem podemos identificar
(In: www.globo.com/jornaldaglobo. Acesso em 26/03/2007)
No fragmento da reportagem podemos identificar
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: Divisão internacional do trabalho contemporânea e a transição do modelo fordista para formas de produção flexível e fragmentada. É essencial entender como as cadeias globais de valor deslocam etapas produtivas e concentram as atividades cognitivas (design, P&D, marketing) nos países centrais.
Resumo teórico (claro e progressivo): A clássica divisão do trabalho (século XIX/XX) atribuía às metrópoles a indústria e às colônias/países periféricos a exportação de matérias‑primas. Com a globalização e a revolução técnico‑científica surge a produção flexível e as cadeias globais de valor: empresas fragmentam o processo produtivo, alocando etapas em locais distintos segundo custos, competências e logística. Países centrais mantêm atividades de alto valor agregado; trabalho de montagem e produção intensiva migra para regiões com custos menores (Dicken, "Global Shift"; Sassen; Castells).
Fontes recomendadas: Peter Dicken, Global Shift (cap. sobre cadeias globais de valor); Saskia Sassen sobre economia global; Manuel Castells sobre redes e espaço econômico.
Por que a alternativa C é correta: Ela descreve exatamente o fenômeno indicado: fragmentação das etapas produtivas (fábricas na China e Leste Europeu) e manutenção das funções cognitivas (design, desenvolvimento) na sede do grupo (país central). Isso caracteriza a divisão internacional do trabalho mais complexa — não mais uma simples dicotomia metrópole/periferia, mas uma reprodução seletiva de atividades conforme valor agregado e velocidade logística.
Análise das alternativas incorretas:
A) Fala de mão‑de‑obra barata e desqualificada como atrativo das indústrias fordistas. Apesar de parcialmente verdadeira historicamente, o enunciado enfatiza competências qualificadas e terceirização internacional; não descreve o modelo fordista clássico de produção integrada em massa.
B) Afirma que a revolução técnico‑científica torna a força de trabalho insignificante. Isso é exagero: a tecnologia altera funções e valoriza trabalho qualificado, mas não elimina a importância da força de trabalho — o texto mostra justamente que há necessidade de quadros qualificados.
D) Retoma a clássica divisão (centros = indústria; periferia = primário). Não se adequa ao fragmento, que mostra produção industrial deslocada para outros países (fabricas na China/Europa Oriental), enquanto atividades de alto valor ficam na sede.
E) Alega uniformização do espaço pela globalização, desconsiderando base territorial. O exemplo mostra o contrário: escolhas territoriais estratégicas (China, Leste Europeu) por custos e logística, ou seja, a base territorial continua relevante.
Dicas de interpretação para concursos: Busque palavras‑chave (por ex.: "design", "fábricas fora", "fragmentam etapas") que indicam fenômenos teóricos específicos; descarte alternativas com generalizações absolutas (sempre/nunca) ou contradições com o texto.
'Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!'






