O caranguejo-uçá é um crustáceo muito apreciado na culinária nordestina. Todavia, nos últimos anos, vem sendo observada, pelos “caranguejeiros”, uma redução no estoque dessa espécie nos manguezais. Isso se deve à degradação do mangue e à coleta excessiva de caranguejos que vem ocorrendo indiscriminadamente, sem se levar em conta o tamanho, o sexo e o período de reprodução do animal.
A queda excessiva do número de caranguejos pode ocasionar
A queda excessiva do número de caranguejos pode ocasionar
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: função ecológica dos caranguejos nos manguezais — especialmente o papel dos detritívoros e da bioturbinação no ciclo da matéria orgânica. É importante para concursos porque relaciona comportamento humano (coleta excessiva) com processos ecológicos e serviços ambientais.
Resumo teórico: os caranguejos-uçá (Ucides cordatus) atuam como detritívoros e bioturbadores. Ao fragmentar e consumir folhas e matéria orgânica, além de cavar túneis, eles facilitam a incorporação, decomposição e retenção de matéria orgânica nos sedimentos, contribuindo para o estoque de nutrientes do mangue (ver Alongi, 2002; Odum, Fundamentos de Ecologia). A retirada intensa desses indivíduos reduz tanto a biomassa orgânica presente quanto os processos que mantêm o acúmulo e reciclagem de matéria orgânica.
Por que a alternativa A está correta: além de removerem diretamente matéria orgânica ao serem colhidos (exportação de biomassa), a redução de caranguejos diminui a fragmentação e incorporação do detrito foliar e reduz a bioturbinação que favorece o armazenamento de matéria orgânica no sedimento. Assim, o estoque local de matéria orgânica tende a diminuir e o funcionamento do ciclo de nutrientes fica comprometido (fonte: estudos sobre ecologia de manguezais — Alongi; materiais técnicos de Embrapa/IBAMA sobre manejo de manguezais).
Análise das alternativas incorretas:
B — aumento de competição entre autotróficos: não é consequência direta da redução de detritívoros; a dinâmica entre plantas depende mais de fatores como luz, salinidade e nicho, não da falta de caranguejos.
C — substituição por indivíduos da mesma espécie: circular e ilógico — a queda no número não é “substituída” por mais indivíduos da mesma espécie; isso contradiz o enunciado.
D — extinção por serem vivíparos e gerarem poucos descendentes: impreciso e falso. Crustáceos como o caranguejo-uçá não são vivíparos no sentido clássico dos mamíferos e têm alta produção de larvas; a extinção não é corretamente explicada por essa justificativa.
Dica de interpretação: ao ver “redução do número” e “coleta indiscriminada”, pense em perda de biomassa e alteração de processos ecológicos (ciclo da matéria). Relacione o papel funcional do organismo (detritívoro/bioturbador) com a consequência pedida.
Referências sugeridas: Alongi (2002) — biogeochemistry of mangroves; Odum — Fundamentos de Ecologia; materiais técnicos da Embrapa/IBAMA sobre manejo de manguezais.
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