Questão ecfe7613-b9
Prova:UNIVESP 2014
Disciplina:Geografia
Assunto:População, Migrações

Leia o trecho abaixo para responder à questão.


“A partir de 1950 verifica-se uma aceleração do movimento migratório no país, fenômeno que se impõe nos decênios seguintes em um nível consideravelmente mais elevado. Tanto as taxas de emigração líquida como as de imigração líquida conhecem uma evolução positiva.”

Trecho de “O Brasil: território e sociedade no início do século XXI” de

Milton Santos e María Laura Silveira. Editora Record. São Paulo,

2001.


Assinale a alternativa que discorra corretamente sobre o trecho e os movimentos migratórios no Brasil, atualmente.

A
No geral, fluxos entre regiões diminuem, mas os fluxos entre estados das mesmas regiões aumentam.
B
O fluxo Nordeste-Sudeste perde força com melhoria das condições no Nordeste, mas o fluxo Sudeste-Centro-Oeste diminui com a falta de terras disponíveis à expansão agrícola.
C
Novos projetos, no Norte, mantêm elevado o fluxo Nordeste-Norte e inaugura o fluxo de grande intensidade Sudeste-Norte.
D
A mobilidade das pessoas no Brasil tem diminuído graças às melhorias socioeconômicas vivenciadas no país durante as duas últimas décadas.
E
O Norte e o Sul do Brasil são os dois estados com maior participação percentual de população natural, o que indica que estes são menos atrativos que os demais.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: mobilidade populacional interna no Brasil — especialmente a mudança de padrões migratórios desde meados do século XX até o período mais recente. É preciso distinguir fluxos inter-regionais de longa distância (ex.: Nordeste→Sudeste) e fluxos intrarregionais ou entre estados próximos.

Resumo teórico e evidências: a literatura e os dados do IBGE (Censos e PNAD) mostram que, após picos de migração inter-regional nas décadas de 1950–1980, houve uma tendência de redução dos fluxos longos e um aumento relativo de movimentos mais curtos e entre estados da mesma região. Fatores: urbanização já avançada, difusão de oportunidades locais, redes familiares e redução da taxa de fecundidade (menor propensão a migrar). Veja: IBGE — Censo Demográfico / PNAD; Milton Santos (2001) para o contexto histórico.

Por que a alternativa A está certa: ela resume corretamente o padrão observado: declínio dos migrações inter-regionais de grande distância e maior relevância dos deslocamentos entre estados da mesma região (movimentos intra-regionais e urbanos). Isso é consistente com análises contemporâneas sobre a internalização dos fluxos migratórios brasileiros.

Análise das incorretas:

B — Errada. É parcial: o fluxo Nordeste→Sudeste realmente perdeu intensidade, mas a afirmação de que o fluxo Sudeste→Centro-Oeste diminuiu por falta de terras é equivocada. A migração para o Centro-Oeste foi impulsionada historicamente pela expansão agrícola e pela fronteira agrícola; a dinâmica varia por período e por tipo de ocupação (agronegócio vs. urbano).

C — Errada. Projetos na Amazônia aumentaram migrações para o Norte em certas fases, mas não mantêm sistematicamente elevado o fluxo Nordeste→Norte nem instauraram um fluxo de grande intensidade Sudeste→Norte em caráter duradouro. O padrão real é mais heterogêneo e menos intenso do que a alternativa sugere.

D — Errada. A mobilidade não simplesmente diminuiu graças a melhorias socioeconômicas nas "duas últimas décadas". Houve redução de alguns grandes fluxos e mudanças na intensidade, mas a mobilidade continua relevante e segmentada; a afirmação é simplista e absoluta.

E — Errada. Confunde conceitos: Norte e Sul são regiões, não "dois estados", e relaciona incorretamente “participação percentual de população natural” (provavelmente crescimento natural) à atratividade migratória — raciocínio falho. Regiões com alto crescimento natural não implicam necessariamente menor atratividade.

Dica de prova: busque palavras-chave como “entre regiões”, “entre estados”, “aumento/diminuição”, e relacione com dados do IBGE. Desconfie de afirmações absolutas e verifique se a alternativa trata de tendências gerais ou de casos específicos.

Fonte recomendada: IBGE (Censo Demográfico, PNAD) e Milton Santos, “O Brasil: território e sociedade...” (2001).

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