A biologia molecular deu mais um passo extraordinário na última semana, ao produzir o que vem sendo chamado de
primeira célula sintética. Há algum exagero na designação. A base do artefato biotecnológico foi um organismo natural,
espécime da bactéria Mycoplasma mycoides.
De imediato, o experimento contribui para compreender o genoma e seu papel no controle da vida celular. A médio
prazo, o programa de pesquisa do Instituto J. Craig Venter quer criar microorganismos úteis e patenteáveis. (A BIOLOGIA
molecular..., 2010).
A partir da análise do texto, do conhecimento sobre o tema e do impacto gerado por esse tipo de experimento na sociedade
em geral, pode-se afirmar que
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: trata-se de biologia molecular e síntese de genomas — a criação, em laboratório, de um genoma projetado e químicamente sintetizado que foi inserido num organismo receptor, permitindo estudar controle genômico da célula e aplicações biotecnológicas.
Resumo teórico breve: em 2010 a equipe de J. Craig Venter sintetizou quimicamente o genoma de Mycoplasma mycoides e o transplantou a uma célula receptora, gerando uma célula controlada por um genoma sintetizado (Gibson et al., Science 2010). O procedimento é diferente de inserir um ou poucos genes: envolve a montagem de um genoma completo a partir de oligonucleotídeos e sua ativação num citoplasma compatível.
Por que C é correta: a alternativa afirma que a coleção de genes projetada em computador e enxertada não encontra equivalente na natureza. No caso citado, o genoma foi sintetizado e continha modificações (marcações, organização e combinações que não existiam como conjunto idêntico em nenhum organismo natural). Ou seja, o arranjo final foi resultado de projeto e síntese, não uma cópia integral de um genoma vivo existente — justificando a opção C. Veja: Gibson et al., "Creation of a Bacterial Cell Controlled by a Chemically Synthesized Genome" (Science, 2010).
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: descreve manipulação de genes exógenos "no núcleo" de bactéria. Bactérias são procariontes e não têm núcleo; além disso, o experimento envolveu síntese de um genoma inteiro, não apenas acréscimo pontual de genes.
B — incorreta: afirma produção de energia limpa a partir de hidrogênio. Não há evidência de que o micro‑organismo criado tenha essa função; o objetivo relatado foi estudar genoma e desenvolver chassis biotecnológicos, não geração de energia por hidrogênio.
D — incorreta: trata de uma avaliação ética normativa (cancelamento imediato). Questões éticas e de biossegurança são importantes e reguladas (por exemplo, Lei nº 11.105/2005 no Brasil), mas a existência de riscos não justifica, automaticamente, a suspensão absoluta sem avaliação de benefícios, riscos e regulamentação.
E — incorreta: afirma que engenharia genética se limita a procariontes. A engenharia genética e síntese genômica alcançam e são aplicadas também a eucariotos (plantas, leveduras, células animais) e a áreas como edição genômica (CRISPR), portanto não é limitada a organismos procariontes.
Dica de interpretação: procure termos técnicos (núcleo, procarionte, sintetizado vs. modificado) e compare com conhecimento biológico básico; cuidado com alternativas que misturam verdadeiros conceitos com um detalhe falso — esse detalhe é a pegadinha.
Fontes: Gibson et al., Science (2010); Lei nº 11.105/2005 (Brasil) sobre biossegurança.
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