A célula, menor estrutura autopoética hoje
conhecida, é a unidade mínima capaz de um
metabolismo auto-organizador incessante. A
origem da mais ínfima célula bacteriana, primeiro
sistema autopoético, com cerca de quinhentos
tipos diferentes de proteínas e outras moléculas
de cadeia longa, é obscura. No entanto, a maioria
concorda em que compostos complexos de
carbono, expostos de algum modo a uma energia
incessante e à transformação ambiental,
convertem-se em gotículas oleosas que acabam
por se tornar células delimitadas por uma
membrana. (MARGULIS & SAGAN, 2002, p. 91).
Conforme proposto por Alexander Oparin, na sua hipótese
heterotrófica de origem da vida, esta pode ter surgido a partir
de uma longa evolução química.
Com relação aos pressupostos desenvolvidos por essa
hipótese e dos novos conhecimentos associados a esse tema,
é possível afirmar:
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa C
Tema central: origem da vida por abiogênese (hipótese heterotrófica de Oparin). É preciso entender conceitos como síntese abiótica de moléculas orgânicas, formação de agregados lipídicos (protobiontes/protocélulas), papel da membrana e a emergência de um metabolismo primitivo e de moléculas informacionais (hipótese do “RNA world”).
Resumo teórico (claro e progressivo):
1) Compostos orgânicos simples formaram-se na Terra primitiva (Oparin, Haldane; evidências experimentais: Miller-Urey).
2) Essas moléculas tendem a agregar-se em gotículas ou vesículas lipídicas que isolam um microambiente — as primeiras protocélulas.
3) Uma membrana com permeabilidade seletiva concentra reagentes, protege reações e facilita o surgimento de redes químicas auto-organizadoras (passo essencial para um metabolismo estável; trabalhos de Szostak e colegas).
4) A emergência de informação genética (provavelmente RNA) e a evolução de vias metabólicas e, posteriormente, da fotossíntese, ocorreram depois.
Por que a alternativa C é correta:
A presença de uma membrana lipídica com permeabilidade seletiva é reconhecida como crucial para estabilizar reações químicas internas, manter gradientes e permitir a evolução de procedimentos metabólicos mais eficientes. Sem compartimentalização, as reações benéficas seriam dispersas no ambiente e não poderiam sustentar um metabolismo “auto-organizador”. (Referências: Oparin; estudos modernos sobre vesículas protocelulares — Szostak et al.)
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta — Oparin foi marco por oferecer modelo explicativo, mas não “desvendou todos os mistérios”; sua proposta é uma hipótese que evoluiu com novos dados.
B) Incorreta — as gotículas formariam-se em superfícies aquosas/ambientes próximos (mares primitivos), e a principal fonte energética são radiações UV, descargas elétricas, calor — não especificamente “radiação infravermelha” na alta atmosfera.
D) Incorreta — a ideia de que um metabolismo pleno se estabeleceu sem nenhuma molécula informacional é improvável; a hipótese do mundo de RNA sugere que moléculas informacionais (RNA) participaram cedo do processo.
E) Incorreta — fixação da luz (fotossíntese) é uma capacidade que surgiu depois; os primeiros protobiontes foram provavelmente heterotróficos, obtendo energia de compostos orgânicos disponíveis.
Dica de interpretação: procure termos absolutos (“desvendou”, “prescindiu”, “já fixavam”) e relacione a cronologia: primeiro síntese orgânica e compartimentalização; depois informação e fotossíntese.
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