Ave brasileira conviveu com dinossauros. Com essa manchete, o jornal Folha de S.Paulo (11.08.2005) relata a descoberta, no interior do Estado de São Paulo, de fósseis de aves que seriam tão antigas quanto os dinossauros. Caso este fato se confirme, podemos afirmar corretamente que

essa descoberta revoluciona o conhecimento sobre a evo- lução dos vertebrados. Até agora, admitia- se que as aves surgiram a partir dos dinossauros e, portanto, não poderiam ter convivido com eles.

a descoberta é revolucionária por derrubar a teoria de que as aves descendem dos répteis. Como ambos convi- veram num mesmo período, passa-se então a postular que aves tenham descendido diretamente de um grupo mais antigo, possivelmente dos peixes pulmonados.

essa convivência derruba a informação mais aceita atualmente de que o Brasil é um dos poucos países do mundo em que não há indícios da presença de dinossauros no passado. Até o momento, não foi localizado fóssil algum desses répteis em nosso território.

existe certa inadequação na manchete. O fato de os fós- seis serem tão antigos quanto os dinossauros não prova que houve convivência entre aves e esses répteis, principalmente porque as evidências de dinossauros em nosso território são ainda fracas.

a informação é interessante por se tratar de ave brasilei- ra; porém, não é novidade que as aves conviveram com alguns dinossauros. Várias teorias apontam para o fato de que possivelmente aves e algum grupo de dinossauros tenham tido um ancestral comum.

Gabarito comentado

Carla CerqueiraMonitor do Qconcursos

Gabarito: E

Tema central: origem e evolução das aves e sua relação filogenética com os dinossauros. É importante saber conceitos de ancestralidade comum, fósseis-transição (ex.: Archaeopteryx) e o consenso atual de que aves são descendentes de terópodes (dinossauros)**.

Resumo teórico: a evidência fóssil e morfológica (penas, estrutura óssea, postura, sacro modificado) sustenta que as aves modernas são um ramo dos dinossauros terópodes. Há fósseis de aves e de dinossauros não-avianos que coexistiram no Mesozoico (Jurássico/Cretáceo). Fontes úteis: materiais didáticos de evolução (textos de paleontologia; revisão por Paul Sereno, L. Chiappe, P. J. Currie) e capítulos sobre evolução dos vertebrados em tratados de biologia evolutiva.

Por que a alternativa E é a correta: ela afirma que não é novidade aves conviverem com alguns dinossauros e que existe hipótese de ancestralidade comum — isto está de acordo com o consenso científico. A frase reconhece a proximidade evolutiva entre aves e certos dinossauros (ou seja, aves e terópodes compartilham ancestrais e, em sentido moderno, aves são dinossauros avianos), portanto a descoberta de aves antigas no Brasil não contradiz esse quadro.

Análise das alternativas incorretas:

A — incorreta: sugere que antes se acreditava que aves surgiram separadamente dos dinossauros (impossível conviver). Na verdade, a hipótese dominante é justamente a derivação das aves de dinossauros terópodes; convivência é prevista em parte do Mesozoico.

B — incorreta: propõe derrubar a descendência de répteis em favor de peixes pulmonados — isso contraria evidências anatômicas e filogenéticas robustas; não há suporte para ligação direta aves–peixes pulmonados.

C — incorreta: afirma que não há indicações de dinossauros no Brasil — isso é falso: o Brasil possui registros fósseis de dinossauros (diversos achados paleontológicos em bacias triássicas e cretácicas), portanto a alternativa parte de premissa errada.

D — parcialmente verdadeira em cautela metodológica (idade similar não garante convivência local contemporânea), mas erra ao dizer que evidências de dinossauros no Brasil são fracas; além disso, não responde à ideia de que aves e certos dinossauros podem ter coexistido globalmente, como afirma a alternativa E.

Dica de interpretação: procure termos absolutos ("derrubar", "revoluciona", "até agora") e cheque se a alternativa contradiz consenso científico ou parte de premissas falsas. Em questões de paleontologia, diferencie "mesma idade" de "convivência direta" e verifique se a alternativa respeita conhecimentos filogenéticos atuais.

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