MEDITERRÂNEO É O MAIOR CEMITÉRIO DA EUROPA HOJE
Trata-se de um grave problema: as próprias leis da União Europeia e as convenções internacionais
afirmam que os fugitivos salvos não podem ser levados de volta ao porto de embarque de onde
escaparam da guerra, do terrorismo e da fome. Mas, ainda assim, todos os dias, dezenas de pessoas
morrem durante a tentativa de atingir a Europa. Hoje, o Mediterrâneo virou o maior cemitério
da Europa. Nós conhecemos apenas o número de vítimas que foram registradas através de fotos,
posição e data. Contudo, para cada vítima divulgada oficialmente há um morto que nem aparece nas
estatísticas. Vivemos uma situação absurda. A África é saqueada pelos países ocidentais, que depois
não querem ver de perto o efeito de sua política. Os países europeus fecham suas fronteiras e ignoram
que essas vítimas vão morrer justamente tentando fugir da situação que eles criaram.
CLAUS PETER REISCH
Adaptado de gazetaonline.com.br, julho/2018.
Em julho de 2018, Claus Peter Reisch, comandante do navio Lifeline, ficou sete dias no mar
Mediterrâneo com 233 migrantes a bordo aguardando autorização para desembarcar em
países europeus.
No que se refere às relações entre países africanos e governos europeus, a avaliação de Reisch
para a crise migratória atual expressa a contradição entre os seguintes fatores:
MEDITERRÂNEO É O MAIOR CEMITÉRIO DA EUROPA HOJE
Trata-se de um grave problema: as próprias leis da União Europeia e as convenções internacionais afirmam que os fugitivos salvos não podem ser levados de volta ao porto de embarque de onde escaparam da guerra, do terrorismo e da fome. Mas, ainda assim, todos os dias, dezenas de pessoas morrem durante a tentativa de atingir a Europa. Hoje, o Mediterrâneo virou o maior cemitério da Europa. Nós conhecemos apenas o número de vítimas que foram registradas através de fotos, posição e data. Contudo, para cada vítima divulgada oficialmente há um morto que nem aparece nas estatísticas. Vivemos uma situação absurda. A África é saqueada pelos países ocidentais, que depois não querem ver de perto o efeito de sua política. Os países europeus fecham suas fronteiras e ignoram que essas vítimas vão morrer justamente tentando fugir da situação que eles criaram.
CLAUS PETER REISCH
Adaptado de gazetaonline.com.br, julho/2018.
Em julho de 2018, Claus Peter Reisch, comandante do navio Lifeline, ficou sete dias no mar Mediterrâneo com 233 migrantes a bordo aguardando autorização para desembarcar em países europeus.
No que se refere às relações entre países africanos e governos europeus, a avaliação de Reisch para a crise migratória atual expressa a contradição entre os seguintes fatores:
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B — herança imperialista e nacionalismo xenófobo
Tema central: trata-se da relação entre as causas históricas das migrações africanas (exploração econômica e legado colonial) e a reação dos países europeus (fechamento de fronteiras e hostilidade). O enunciado acusa diretamente políticas ocidentais que saquearam a África e, em seguida, adotam posturas restritivas — síntese de herança imperialista + nacionalismo xenófobo.
Resumo teórico (claro e progressivo):
- Herança imperialista: processo histórico em que potências coloniais extrairam recursos e moldaram economias africanas, gerando desigualdades de longo prazo e fluxos migratórios (ver: estudos sobre colonialismo e desenvolvimento; autores como Castles & Miller trazem boas sínteses).
- Nacionalismo xenófobo: reação política contemporânea que enfatiza fechamento de fronteiras, criminalização da migração e rejeição de solidariedade; manifesta-se em políticas de contenção e discursos hostis.
- Direito e obrigações: instrumentos como a Convenção de 1951 sobre Refugiados (e Protocolo de 1967), a Convenção SAR, SOLAS e princípios do direito internacional (não-refoulement) impõem deveres de resgate e proteção; porém, política prática muitas vezes conflita com estes compromissos.
Por que a alternativa B é correta:
O texto afirma que "a África é saqueada pelos países ocidentais" (referência direta à exploração histórica/continua) e critica os países europeus por "fecharem suas fronteiras" e ignorarem as vítimas (expressão de xenofobia/nacionalismo). Assim, a contradição apontada por Reisch é entre o papel ativo das potências na fragilização de países africanos e a atitude hostil destas mesmas potências diante dos fluxos migratórios — exatamente a junção de herança imperialista com nacionalismo xenófobo.
Análise das alternativas incorretas:
- A (integração global e localismo étnico): fala de processos diferentes (globalização vs. etnicidade), não captura a crítica explícita do autor ao passado colonial e à xenofobia dos governos europeus.
- C (crise demográfica e modernização econômica): não há menção a envelhecimento populacional ou modernização como causas/contradição no trecho; portanto, não se aplica.
- D (dinamização comercial e desqualificação laboral): ainda que haja exploração econômica mencionada, o texto acusa saqueamento imperialista e recusa humanitária, não uma relação direta entre comércio dinâmico e precarização do trabalho.
Dica de prova: procure no enunciado palavras-chave que indiquem causalidade histórica ("saqueada", "criada por") e atitudes políticas ("fecham fronteiras", "ignoraram"). Elas sinalizam rapidamente a combinação correta de conceitos.
Fontes-referência úteis: Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados; Convenção SAR e SOLAS; literatura sobre migração e colonialismo (ex.: Castles & Miller).
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