A revolta dos Malês, ocorrida em Salvador em 1835,
Gabarito comentado
Resposta correta: alternativa A
Tema central: a Revolta dos Malês (Salvador, 1835) foi um levante protagonizado majoritariamente por africanos muçulmanos — escravizados e libertos — com forte conteúdo religioso e antiescravista. Reconhecer quem foram os Malês e o contexto urbano de Salvador é essencial para responder.
Resumo teórico: "Malê" vem de termos africanos que designavam muçulmanos. O grupo reunia escravizados e libertos afro-muçulmanos (iorubás, hauçás, entre outros) que praticavam o islamismo e resistiam à imposição cultural e religiosa do sistema escravista paulista/baiano e à vigilância policial. O motim foi planejado para a noite de 24–25 de janeiro de 1835, mas foi descoberto; houve repressão violenta. Estudos clássicos: pesquisas de João José Reis e trabalhos sobre escravidão urbana e religiões africanas no Brasil ajudam a fundamentar essa leitura.
Por que a alternativa A é correta: afirma que foi “organizada por escravizados e libertos, contra a escravidão e a imposição da religião católica”. Isso sintetiza o caráter do movimento: liderança muçulmana (escravizados e alforriados) que contestava o domínio social e religioso (a hegemonia católica, criminalização de práticas africanas) e buscava liberdade. Portanto, captura os eixos principais do levante.
Análise das alternativas incorretas:
B — parcial: embora expressem aspirações de liberdade urbana, a descrição limitada à compra de alforrias reduz o caráter religioso e coletivo dos Malês. O foco foi mais amplo (libertação, religiosidade, luta contra discriminação), não somente dificuldades formais de compra de carta de alforria.
C — incorreta: não foi revolta da população urbana branca; ao contrário, foi dirigida por africanos muçulmanos e visava combater a opressão sobre negros e práticas religiosas impostas.
D — incorreta: reivindicações por autonomia provincial são típicas de movimentos políticos-regionais do período (por exemplo, movimentos separatistas), mas não descrevem a Revolta dos Malês, cujo centro foi social e religioso, não a autonomia administrativa.
E — incorreta: o fracasso deve-se sobretudo à descoberta do plano, infiltração e repressão policial, não apenas à dificuldade de arregimentar escravos dos engenhos do Recôncavo — a mobilização ocorreu principalmente na cidade entre urbanos escravizados e libertos.
Dica de interpretação: ao ver nomes/anos-chave (Malês, Salvador, 1835) relacione imediatamente com muçulmanos africanos e com insurreição urbana; procure termos nas alternativas que remetam a esses e descarte opções que tratem de reivindicações provinciais ou de brancos urbanos.
Fontes recomendadas para aprofundar: trabalhos de João José Reis sobre revoltas e escravidão urbana; publicações sobre religião e escravidão no Brasil (ex.: estudos sobre o islamismo africano no século XIX).
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