É preciso perceber três espécies de globalização, se quisermos escapar à crença de que este mundo, assim como nos é apresentado, é a única opção verdadeira: há o mundo tal como nos fazem vê-lo, com a globalização como fábula; o segundo é o mundo como ele é, com a globalização como perversidade; e o terceiro, o do mundo como ele pode ser, o da outra globalização.
Milton Santos, Por uma outra Globalização

De acordo com as ideias contidas no texto e os estudos de Globalização na Geografia, é correto afirmar que

as novas tecnologias de informação têm permitido maior acesso das pessoas aos conteúdos de jornais, revistas, emissoras de rádio e TV. Assim, a Globalização deixa de ser uma fábula, pois esses diferentes meios de informação retratam a realidade tal como ela é.

a ampliação do crédito e as maiores facilidades de pagamentos proporcionaram um aumento no poder de compra de muitas pessoas. Assim, ricos e pobres se aproximaram muito em relação ao poder aquisitivo.

a livre circulação de pessoas entre diferentes países é uma realidade para todos. O fim do controle de fronteiras favorece as migrações internacionais sem maiores problemas de rejeição ou hostilidades aos imigrantes, principalmente entre os países mais ricos.

o aumento das desigualdades sociais é uma “perversidade” da Globalização. O uso das novas tecnologias de informação para organização política mais justa é uma possibilidade oposta a esse processo.

após o fim da Guerra Fria, o mundo tornou-se mais globalizado. As novas tecnologias de informação e o crédito tornaram isso mais evidente. Assim, o uso dos termos Primeiro, Segundo e Terceiro mundos está mais apropriado aos nossos dias do que antes.

Gabarito comentado

Taina VegaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: o enunciado aborda interpretações da globalização segundo Milton Santos — a fábula (imagem dominante), a perversidade (efeitos negativos reais, como desigualdade) e a outra globalização (possibilidades de contestação e reorganização social). É preciso entender que globalização é processo desigual e contraditório, não um fenômeno unívoco.

Resumo teórico rápido: globalização envolve integração econômica, fluxos informacionais e culturais, e coordenação política transnacional. Autores-chave: Milton Santos (Por uma outra globalização), Manuel Castells (The Rise of the Network Society). Importante: efeitos são desiguais — aumentam conexões, mas também a concentração de renda e exclusões territoriais.

Por que a alternativa D é correta: afirma que o aumento das desigualdades é uma “perversidade” da globalização — corresponde exatamente à crítica de Milton Santos sobre impactos socioeconômicos negativos; e reconhece que as novas tecnologias de informação podem ser usadas como ferramenta para organização política mais justa — que é a base da proposta da “outra globalização”. Assim, junta diagnóstico e potencial de transformação, alinhando-se ao texto e à literatura.

Análise das alternativas incorretas

A: incorreta — presume que mídia e TI retratam a realidade como ela é. Na visão crítica, meios podem construir narrativas (a “fábula”) favoráveis a interesses dominantes; não garantem neutralidade.

B: incorreta — expansão do crédito amplia consumo em camadas, mas não reduz estruturalmente desigualdades; muitas vezes aumenta endividamento e reproduz diferenças de poder aquisitivo.

C: incorreta — livre circulação irrestrita de pessoas não é realidade generalizada; barreiras, políticas migratórias e xenofobia persistem, especialmente contra migrantes de países pobres.

E: incorreta — embora a globalização tenha avançado após a Guerra Fria, os termos Primeiro/Segundo/Terceiro Mundo são conceitualmente ultrapassados e reducionistas; uso menos apropriado hoje (preferem-se termos como Norte/Sul ou países desenvolvidos/em desenvolvimento).

Estratégia de prova: procure palavras absolutas (por exemplo, “para todos”, “deixa de ser”) que tendem a invalidar afirmações gerais; relacione termos do enunciado (fábula, perversidade, outra) com as alternativas; privilegie respostas que reconheçam desigualdade e ambivalência do processo.

Fontes sugeridas: Milton Santos, Por uma outra globalização; Manuel Castells, The Rise of the Network Society; relatórios do PNUD sobre desigualdade.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!