O Texto 7, faz menção a hippies, pessoas que, em
geral, vivem do trabalho informal, comercializam produtos
artesanais, especialmente em ambiente urbano.
Acerca da estrutura e do funcionamento do mercado de
trabalho, analise as afirmativas a seguir:
I - As taxas de desemprego eventualmente divulgadas
pelo IBGE incluem também pessoas que trabalham na
economia informal.
II - O aumento do desemprego tem impacto direto no
poder de consumo da população, ainda que os demitidos
possam contar com o Seguro Desemprego.
III - O Seguro Desemprego funciona como uma zona de
transição entre a situação da pessoa como empregada até
que ela consiga outra colocação.
IV - Ao longo da história, uma das grandes causas para
o aumento do desemprego tem sido o processo de substituição
da mão de obra operária pelos inventos tecnológicos.
Em relação às proposições analisadas, assinale a única
alternativa cujos itens estão todos corretos:
O Texto 7, faz menção a hippies, pessoas que, em geral, vivem do trabalho informal, comercializam produtos artesanais, especialmente em ambiente urbano. Acerca da estrutura e do funcionamento do mercado de trabalho, analise as afirmativas a seguir:
I - As taxas de desemprego eventualmente divulgadas pelo IBGE incluem também pessoas que trabalham na economia informal.
II - O aumento do desemprego tem impacto direto no poder de consumo da população, ainda que os demitidos possam contar com o Seguro Desemprego.
III - O Seguro Desemprego funciona como uma zona de transição entre a situação da pessoa como empregada até que ela consiga outra colocação.
IV - Ao longo da história, uma das grandes causas para o aumento do desemprego tem sido o processo de substituição da mão de obra operária pelos inventos tecnológicos.
Em relação às proposições analisadas, assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos:
TEXTO 7
O mistério dos hippies desaparecidos
Ide ao Mercadão da Travessa do Carmo. Que
vereis? O alegre, o pitoresco, o colorido. Admirai a
excelente organização: cada artesão em seu quadrado,
exibindo belos trabalhos.
Mas... Nada vos chama a atenção?
Não? Neste caso, pergunto-vos: onde estão
os hippies da Praça Dom Feliciano? Isso mesmo,
aqueles que ficavam na frente da Santa Casa. Onde
estão? Não sabeis?
O homem de cinza sabe.
O homem de cinza vinha todos os dias à
Praça Dom Feliciano. Ficava muito tempo olhando
os hippies, que não lhe davam maior atenção. O homem,
ao contrário, parecia muito interessado neles:
examinava os objetos expostos, indagava por preços,
por detalhes da manufatura. E anotava tudo numa caderneta
de capa preta. Um dia perguntou aos hippies
onde moravam. Por aí, respondeu um rapaz. Numa comuna? — perguntou o homem. Não, não era em
nenhuma comuna; na realidade, estavam ao relento.
O homem então disse que eles deveriam morar juntos
numa comuna. Ficaria mais fácil, mais prático.
O rapaz concordou. Não estava com muita vontade
de falar; contudo, acrescentou, depois de uma pausa,
que o problema era encontrar o lugar para a comuna.
Não é problema, disse o homem; eu tenho
uma chácara lá na Vila Nova, com uma boa casa, gramados,
árvores frutíferas. Se vocês quiserem, podem
ficar lá. No amor? — perguntou o rapaz.
— No amor, bicho — respondeu o homem,
rindo. Só quero que vocês tomem conta da casa. Os
hippies confabularam entre si e resolveram aceitar. O
homem levou-os — eram doze, entre rapazes e moças
— à chácara, numa camioneta Veraneio. Deixou-os lá.
Durante algum tempo não apareceu. Mas,
num domingo, deu as caras. Conversou com os jovens
sobre a chácara, contou histórias interessantes.
Finalmente, pediu para ver o que tinham feito de artesanato.
Examinou as peças atentamente e disse:
— Posso dar uma sugestão?
Eles concordaram. Como não haveriam de
concordar? Mas foi assim que começou. O homem
organizou-os em equipes: a equipe dos cintos, a equipe
das pulseiras, a equipe das bolsas.
Ensinou-os a trabalhar pelo sistema de linha
de montagem; racionalizou cada tarefa, cada atividade.
Disciplinou a vida deles, também. Centralizou
todo o consumo de tóxicos. Fornecia drogas
mediante vales, resgatados ao fim do mês, conforme
a produção. Permitiu que se vestissem como desejavam,
mas era rígido na escala de trabalho. Seis
dias por semana, folga às quartas — nos domingos
tinham de trabalhar. Nestes dias, o homem de cinza
admitia visitantes na chácara, mediante o pagamento
de ingressos. Um guia especialmente treinado acompanhava-os,
explicando todos os detalhes acerca dos
hippies, estes seres curiosos.
O homem de cinza já era muito rico, mas
agora está multimilionário. É que organizou uma firma,
e exporta para os Estados Unidos e para o Mercado
Comum Europeu cintos, pulseiras e bolsas.
Parece que, para esses artigos, não há sobretaxa
de exportações. Escreveu um livro — Minha
Vida Entre os Hippies — que tem se constituído em
autêntico êxito de livraria; uma adaptação para a televisão,
sob forma de novela, está quase pronta. E
quem ouviu a trilha sonora, garante que é um estouro.
Tem apenas um temor, este homem. É que
um dos hippies, de uma hora para outra, cortou o cabelo,
passou a tomar banho — e usa agora um decente
terno cinza. Por enquanto ainda não se manifestou;
mas trata-se — o homem de cinza está convencido
disto — de um autêntico contestador.
(SCLIAR, Moacyr. Melhores contos. São Paulo: Global, 2003.
p. 130-132.)
TEXTO 7
O mistério dos hippies desaparecidos
Ide ao Mercadão da Travessa do Carmo. Que vereis? O alegre, o pitoresco, o colorido. Admirai a excelente organização: cada artesão em seu quadrado, exibindo belos trabalhos.
Mas... Nada vos chama a atenção?
Não? Neste caso, pergunto-vos: onde estão os hippies da Praça Dom Feliciano? Isso mesmo, aqueles que ficavam na frente da Santa Casa. Onde estão? Não sabeis?
O homem de cinza sabe.
O homem de cinza vinha todos os dias à Praça Dom Feliciano. Ficava muito tempo olhando os hippies, que não lhe davam maior atenção. O homem, ao contrário, parecia muito interessado neles: examinava os objetos expostos, indagava por preços, por detalhes da manufatura. E anotava tudo numa caderneta de capa preta. Um dia perguntou aos hippies onde moravam. Por aí, respondeu um rapaz. Numa comuna? — perguntou o homem. Não, não era em nenhuma comuna; na realidade, estavam ao relento. O homem então disse que eles deveriam morar juntos numa comuna. Ficaria mais fácil, mais prático. O rapaz concordou. Não estava com muita vontade de falar; contudo, acrescentou, depois de uma pausa, que o problema era encontrar o lugar para a comuna.
Não é problema, disse o homem; eu tenho uma chácara lá na Vila Nova, com uma boa casa, gramados, árvores frutíferas. Se vocês quiserem, podem ficar lá. No amor? — perguntou o rapaz.
— No amor, bicho — respondeu o homem, rindo. Só quero que vocês tomem conta da casa. Os hippies confabularam entre si e resolveram aceitar. O homem levou-os — eram doze, entre rapazes e moças — à chácara, numa camioneta Veraneio. Deixou-os lá.
Durante algum tempo não apareceu. Mas, num domingo, deu as caras. Conversou com os jovens sobre a chácara, contou histórias interessantes. Finalmente, pediu para ver o que tinham feito de artesanato. Examinou as peças atentamente e disse:
— Posso dar uma sugestão? Eles concordaram. Como não haveriam de concordar? Mas foi assim que começou. O homem organizou-os em equipes: a equipe dos cintos, a equipe das pulseiras, a equipe das bolsas.
Ensinou-os a trabalhar pelo sistema de linha de montagem; racionalizou cada tarefa, cada atividade.
Disciplinou a vida deles, também. Centralizou todo o consumo de tóxicos. Fornecia drogas mediante vales, resgatados ao fim do mês, conforme a produção. Permitiu que se vestissem como desejavam, mas era rígido na escala de trabalho. Seis dias por semana, folga às quartas — nos domingos tinham de trabalhar. Nestes dias, o homem de cinza admitia visitantes na chácara, mediante o pagamento de ingressos. Um guia especialmente treinado acompanhava-os, explicando todos os detalhes acerca dos hippies, estes seres curiosos.
O homem de cinza já era muito rico, mas agora está multimilionário. É que organizou uma firma, e exporta para os Estados Unidos e para o Mercado Comum Europeu cintos, pulseiras e bolsas.
Parece que, para esses artigos, não há sobretaxa de exportações. Escreveu um livro — Minha Vida Entre os Hippies — que tem se constituído em autêntico êxito de livraria; uma adaptação para a televisão, sob forma de novela, está quase pronta. E quem ouviu a trilha sonora, garante que é um estouro.
Tem apenas um temor, este homem. É que um dos hippies, de uma hora para outra, cortou o cabelo, passou a tomar banho — e usa agora um decente terno cinza. Por enquanto ainda não se manifestou; mas trata-se — o homem de cinza está convencido disto — de um autêntico contestador.
(SCLIAR, Moacyr. Melhores contos. São Paulo: Global, 2003.
p. 130-132.)
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa D (II e IV).
Tema central: estrutura e funcionamento do mercado de trabalho — conceitos de emprego, desemprego, economia informal e papel do Seguro‑Desemprego. Importância: concursos cobram precisão conceitual (definições do IBGE, leis sociais e efeitos econômicos do desemprego).
Resumo teórico objetivo: Empregado (IBGE/Pnad Contínua) é quem realizou trabalho na semana de referência; a população desempregada é a que não trabalhou e procurou trabalho nas últimas semanas. Pessoas que trabalham em atividades informais são contabilizadas como empregadas, não como desempregadas. O Seguro‑Desemprego (Lei nº 7.998/1990) é um benefício temporário para demitidos sem justa causa, com objetivo de amenizar perda de renda — é mais um apoio financeiro do que uma garantia de recolocação. Historicamente, a substituição de mão de obra por tecnologia (automação, mecanização) é uma causa reconhecida de aumento do desemprego estrutural em períodos de mudança tecnológica (Revolução Industrial e ondas de automação posteriores).
Fontes: IBGE — Pnad Contínua conceitos de emprego/desemprego; Lei nº 7.998/1990 (Seguro‑Desemprego); relatórios da OCDE e literatura de economia do trabalho sobre desemprego estrutural e tecnologia.
Justificativa da alternativa correta (D):
- II — Verdadeiro: aumento do desemprego reduz renda agregada e, portanto, poder de consumo; o Seguro‑Desemprego mitiga, mas não restaura integralmente a renda anterior nem cobre toda a população desempregada, então o impacto sobre consumo persiste.
- IV — Verdadeiro: a substituição de trabalho por invenções tecnológicas (automação) é uma causa clássica de desemprego estrutural em diversos momentos históricos; tecnologia pode eliminar postos de trabalho sem substituição imediata por novos empregos equivalentes.
Análise das alternativas incorretas:
- I — Falsa: as taxas de desemprego do IBGE não "incluem" trabalhadores informais; quem exerce trabalho informal é classificado como empregado/ocupado. Assim, desempregados são aqueles sem trabalho e em busca ativa.
- III — Falsa (interpretação exigida): embora o Seguro‑Desemprego funcione como apoio temporário, descrevê‑lo como uma "zona de transição" universal é impreciso — não é um programa de recolocação automática; é um benefício financeiro temporário com condicionalidades e cobertura limitada, não garantia de reinserção.
Dica de prova: atente aos termos absolutos ("incluem", "funciona como") — muitas pegadinhas nas questões vêm do uso de palavras que generalizam além do que a definição oficial permite.
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