Nem todos os países incorporaram plenamente as ideias neoliberais. A China
e a Índia, por exemplo, países que têm obtido grande sucesso econômico nas últimas
décadas, adotaram uma abertura restrita e gradual. Nesses países, os investimentos
produtivos das multinacionais foram realizados em associações com empresas nacionais.
Mas, não foi este o caminho seguido pelo Brasil. Aqui, a concessão para exploração do
sistema de transportes, o fim da proibição da participação estrangeira nos setores de
comunicação e o fim do monopólio da Petrobrás para a exploração de petróleo e a
privatização de setores estratégicos ligados à energia e à mineração, foram medidas
adotadas pelo país em curto espaço de tempo. O argumento favorável a essas políticas é
de que as estatais eram improdutivas, davam prejuízo, estavam endividadas, eram cabides
de emprego, um canal propício à corrupção e sobreviviam somente devido aos subsídios
governamentais.
(http://educacao.uol.com.br/geografia/neoliberalismo-brasil.jhtm. Acesso: 17/09/2011. Adaptado.)
Quais são os problemas que a abertura da economia poderia trazer ao Brasil?
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa B
Tema central: abertura econômica e entrada de capital estrangeiro (investimento direto estrangeiro — IDE/FDI). Questões centrais: competição, transferência tecnológica, sobrevivência de empresas nacionais e efeitos distributivos e macroeconômicos.
Resumo teórico: A liberalização econômica e a entrada de multinacionais ampliam concorrência, trazem capital, tecnologia e eficiência. Porém podem provocar deslocamento (crowding out) das empresas domésticas menos competitivas, fechamento de plantas e perda de empregos, especialmente quando a abertura é rápida e sem políticas de apoio (proteção temporária, incentivos à inovação, capacitação). Fontes úteis: Banco Mundial, CEPAL, e análises sobre IDE e desenvolvimento (Krugman & Obstfeld).
Justificativa da alternativa B: A alternativa B descreve corretamente um risco real e documentado da abertura rápida: falência de empresas nacionais incapazes de competir com multinacionais com maior capital, escala e tecnologia. Esse processo foi visto em diversos países que abriram mercados sem estratégias industriais ativas. Ex.: perda de participação de produtores locais em setores sensíveis e fechamento de empresas menores.
Análise das alternativas incorretas:
A (incorreta): Afirma que capital estrangeiro aumenta a inflação por “mais dinheiro circulando”. Isso confunde fluxo de capitais com política monetária. Investimento direto não equivale automaticamente a expansão monetária; muitos fluxos apreciam a moeda e podem até reduzir preços de importados. A inflação depende principalmente da política monetária, oferta/consulta e choques de custo (IMF/Banco Central).
C (incorreta): Diz que o MERCOSUL seria prejudicado porque vizinhos “não aceitariam negociar em condições iguais”. Não há relação lógica direta. Abertura do Brasil altera competição, mas acordos e negociações consorciadas dependem de regras do bloco; problemas reais seriam concorrência assimétrica, mas não a impossibilidade de negociar com iguais condições.
D (incorreta): Afirma que haveria redução de importações porque o Brasil “não teria condições de continuar adquirindo produtos no exterior”. Pelo contrário, abertura tende a aumentar importações (redução de tarifas/ barreiras). A alternativa inverte a relação e confunde capacidade de pagamento com concorrência interna.
Estratégia para resolver questões similares: Busque o mecanismo econômico implícito (quem ganha/perde, qual a via causal). Cuidado com afirmações simplistas que confundem correlação com causalidade (ex.: “mais dinheiro = inflação”). Procure termos-chave: “incapazes de competir”, “transferência tecnológica”, “políticas industriais”.
Fontes sugeridas: relatórios do Banco Mundial e IMF sobre IDE; estudos da CEPAL; Lei brasileira sobre petróleo (Lei nº 9.478/1997) como exemplo normativo de mudança setorial.
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