“A emancipação do tradicionalismo
econômico parece sem dúvida ser um fator que
apoia grandemente o surgimento da dúvida quanto
à santidade das tradições religiosas e de todas as
autoridades tradicionais. Devemos porém notar,
fato muitas vezes esquecido, que a Reforma não
implicou na eliminação do controle da Igreja sobre
a vida quotidiana, mas na substituição por uma
nova forma de controle. Significou de fato o repúdio
de um controle que era muito frouxo e, na época
praticamente imperceptível, pouco mais que formal,
em favor de uma regulamentação da conduta como
um todo, que penetrando em todos os setores da
vida pública e privada, era infinitamente mais
opressiva e severamente imposta.”
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do
capitalismo. São Paulo: Editora Pioneira, 1999. p.12.
Segundo Max Weber, o estabelecimento de novas
normas sociais foi possível graças
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: a questão trata da interpretação do argumento de Max Weber sobre a relação entre a Reforma Protestante e o surgimento de novas normas sociais que favoreceram o espírito do capitalismo. É assunto típico de Geografia Econômica e Sociologia econômica: como valores religiosos e mudanças culturais influenciam práticas econômicas e institucionais.
Resumo teórico: Weber sustenta que a Reforma (especialmente formas calvinistas de ascetismo) não apenas rompeu com tradições religiosas, mas instituiu uma nova ética de trabalho e conduta — uma racionalização da vida — que incentivou o comportamento disciplinado, a acumulação de capital e a organização racional do trabalho. Essa mudança cultural foi um fator decisivo para o desenvolvimento do capitalismo moderno (Weber, A ética protestante e o espírito do capitalismo).
Por que a alternativa B é correta: o enunciado enfatiza que a Reforma substituiu um controle tradicional frouxo por uma regulamentação rigorosa da conduta em todos os setores — justamente a ideia weberiana de que a Reforma gerou normas e atitudes (ética protestante) que se articulam com o capitalismo. Logo, o estabelecimento de novas normas sociais é explicado pela relação entre Reforma religiosa e capitalismo.
Análise das alternativas incorretas:
- A — “à emancipação do tradicionalismo econômico”: o texto menciona emancipação do tradicionalismo como contexto, mas não o apresenta como causa das novas normas; a causa apontada é a transformação promovida pela Reforma.
- C — “ao controle da Igreja na vida quotidiana”: o trecho diz que o controle da Igreja foi substituído por outra forma de controle; portanto, o controle anterior não é a explicação para o estabelecimento das novas normas.
- D — “aos vários setores da vida pública”: isso descreve onde a regulamentação incidiu (os setores), não explica por que as novas normas surgiram.
Dica de interpretação: procure verbos-chave (ex.: “significou”, “substituição”, “repúdio”) e relacione-os ao conceito central (é a Reforma que cria a nova ética, não apenas um detalhe sobre controle pré-existente).
Fonte recomendada: Weber, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. (consultar comentários e prefácios para contextualização histórica).
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