“A falta de interesse na energia da cana pode parecer um contrassenso num momento em que o Brasil vive um cenário de escassez. [...] Por isso, o governo põe em operação praticamente constante as termelétricas a gás e a óleo, mais caras e mais poluentes, cuja função deveria ser atender à demanda apenas em momentos de emergência.”

A cana ficou pelo caminho.

Flávia Furlan. Revista Exame, 2/4/2014. p.42 e 43.

Dentre os principais motivos que levaram o governo brasileiro a acionar as usinas termelétricas preterindo o bagaço da cana, encontra(m)-se

Resposta certa: Alternativa B

Tema central: integração entre matriz elétrica e setor sucroenergético — uso do bagaço da cana como combustível (cogeração) versus acionamento de termelétricas a gás/óleo. A questão exige compreender fatores econômicos e de política de preços que afetaram a disponibilidade e competitividade do etanol e a atividade das usinas.

Resumo teórico (essencial): o bagaço da cana é um combustível renovável utilizado em caldeiras das usinas para gerar vapor e eletricidade (cogeração). Em condições normais, essa energia pode suprir parte da demanda e reduzir acionamento de termelétricas caras. Porém, a decisão de acionar termelétricas obedece a critérios econômicos (preço do combustível, custo de oportunidade de usar cana para etanol/ açúcar), operacionais e de política pública (subvenções, controles de preço, tributos).

Por que a alternativa B está correta? Crise das usinas provocada por política de controle de preços diminuiu a rentabilidade do etanol, alterando decisões de moagem e processamento nas usinas. Com menor escala/receita, muitas usinas tiveram problemas financeiros e reduziram investimentos/operação que permitiriam maior disponibilidade de bagaço para geração elétrica. Além disso, políticas que tornaram o etanol menos competitivo (preços controlados ou defasagem em repasses) levaram à retração do setor, forçando o governo a recorrer mais às termelétricas convencionais — exatamente o ponto do enunciado.

Análise das alternativas incorretas:

A: "Parcos investimentos no setor de açúcar e etanol" — embora investimentos possam influenciar capacidade, o enunciado e a literatura do período apontavam mais diretamente a questão de preços e rentabilidade que gerou a crise operacional. Portanto, A é incompleta/insuficiente como explicação principal.

C: "Preço atrativo do gás no mercado internacional" — na realidade o gás costuma ter custo significativo e a opção por térmicas foi por falta de oferta renovável (bagaço) e razões econômicas internas; além disso, termoelétricas a gás/óleo no Brasil em crise hidrológica costumam ser mais caras que geração por bagaço. Logo, C está equivocada.

D: "Novas tecnologias tornam gás/óleo menos poluente que bagaço" — falso: o bagaço é biomassa de baixo carbono quando comparado a combustíveis fósseis; tecnologias não inverteram essa relação ambiental básica. D é uma pegadinha técnica.

Estratégia para prova: busque na leitura se o argumento é econômico/político (controle de preços, competitividade) ou técnico; prefira a alternativa que conecta causa (política de preços) a efeito (crise nas usinas → menor uso de bagaço → acionamento de térmicas).

Fontes de referência recomendadas: publicações do Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre cogeração e política de biocombustíveis.

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