Questão ca048d36-b1
Prova:UFGD 2011
Disciplina:Geografia
Assunto:Geografia Econômica

Leia o seguinte texto.

     Em 1929, após um período de aparente estabilidade e vertiginoso crescimento da principal economia do mundo, uma grave crise iniciou-se no país que naquele momento liderava a economia mundial e rapidamente propagou-se para todo o mundo capitalista.        Em 2008, após um período de estabilidade e crescimento acelerado das economias centrais, a economia mergulhou em uma grave crise iniciada nos EUA e que se propagou rapidamente para as economias da União Europeia e do restante do mundo.


Sobre essas duas crises econômicas do capitalismo, assinale a alternativa correta. 

A
Ao contrário de 1929, a crise de 2008 não ocorreu devido a um movimento especulativo iniciado em países centrais do capitalismo, mas sim ao aumento da poupança em países como China, Índia e Brasil.
B
Com a globalização da economia, os países centrais do capitalismo passaram a apoiar economicamente os países periféricos localizados principalmente na África, Ásia e América Latina, o que provocou sua descapitalização e a consequente crise.
C
Tal como em 1929, em 2008 a crise econômica iniciou-se após um forte movimento especulativo ocorrido na principal economia capitalista do mundo.
D
Tal como em 1929, em 2008 os países mais pobres não sofreram as consequências da crise, uma vez que, mesmo com a globalização cultural, as economias do mundo não experimentavam um grande contato.
E
Diferentemente de 2008, não ocorreram ataques especulativos em 1929, sendo aquela crise provocada pelos gastos originados da reconstrução da Europa e dos EUA após a primeira guerra mundial.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: crises econômicas do capitalismo — origem, mecanismo especulativo e contágio internacional. É importante entender conceitos como bolha especulativa, expansão de crédito, instrumentos financeiros (títulos hipotecários em 2008; ações e crédito em 1929) e canais de transmissão (financeiro, comercial e de confiança).

Resumo teórico progressivo:

1. Bolha especulativa: preços se distanciam dos fundamentos por excesso de crédito e expectativas irracionais (Kindleberger; Minsky).

2. Expansão de crédito e inovação financeira: aumenta alavancagem e exposição sistêmica (2008: securitização, derivativos; 1929: crédito marginal para ações).

3. Contágio global: via bancos, mercados financeiros e queda do comércio; globalização acelerou a transmissão em 2008 (Reinhart & Rogoff; FMI).

Justificativa da alternativa C: Ambas as crises tiveram início em movimentos especulativos na principal economia capitalista (EUA). Em 1929, a forte especulação em ações e uso de margem levou ao crash. Em 2008, uma bolha no mercado imobiliário dos EUA, associada a produtos financeiros complexos e grande alavancagem, deflagrou o colapso financeiro. Fontes clássicas: Kindleberger, Minsky, Reinhart & Rogoff (2009) e relatórios do Federal Reserve/IMF sobre a crise de 2008 confirmam essa dinâmica.

Análise das alternativas incorretas:

A — Parcialmente verdadeira (havia um "global savings glut" que influenciou fluxos), mas incorreta ao afirmar que 2008 não decorreu de um movimento especulativo: a crise foi profundamente ligada à especulação/imprudência no mercado imobiliário e produtos derivados.

B — Incorreta: a crise não foi causada por apoio econômico dos países centrais aos periféricos; essa afirmação confunde processos de investimento/fluxos com a origem da crise, que foi interna ao sistema financeiro dos centros.

D — Incorreta: países pobres sofreram impactos (queda de exportações, remessas, crédito). Em 2008 houve forte transmissão às economias em desenvolvimento.

E — Incorreta: 1929 envolveu forte especulação em ações; não pode ser explicada simplesmente por gastos de reconstrução pós‑guerra. A explicação principal é a bolha especulativa e a contração do crédito.

Dica de prova: Busque palavras-chave como "Tal como" (indica semelhança de causa) e identifique termos técnicos: especulação, bolha, securitização. Evite alternativas que misturam correlações vagas (ex.: poupança global) como causa única quando há evidência de bolha especulativa.

Principais leituras: Charles P. Kindleberger — Manias, Panics and Crashes; Reinhart & Rogoff — This Time Is Different; relatórios do FMI (2009) e FED sobre 2008.

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