Questão c87feec6-b6
Prova:UFVJM-MG 2018
Disciplina:História e Geografia de Estados e Municípios
Assunto:História e Geografia do Estado da Bahia

Analise a letra desta musica.

"O que é que a baiana tem?
Dorival Caymmi

O que é que a baiana tem?
Que é que a baiana tem?
Tem torço de seda, tem! Tem brincos de ouro, tem!
Corrente de ouro, tem! Tem pano-da-Costa, tem!
Tem bata rendada, tem! Pulseira de ouro, tem!
Tem saia engomada, tem! Sandália enfeitada, tem!
Tem graça como ninguém.''

Fonte: < https://www.letras.mus.br/dorival-caymmi/356574/ > Acesso em 29 maio 2017.


Os temas de Dorival Caymmi (1914-2008) falam do negro, dos mestiços pobres, dos pescadores e das mulheres.

Essa letra, interpretada por Carmem Miranda em 1939, apresenta:

A
uma representação da baiana ligada à sensualidade, às belezas naturais e aos encantos de sua terra natal.
B
um vocabulário datado sobre a Bahia e a mulher baiana que não corresponde mais à mulher negra dos dias atuais.
C
uma canção utilizada para divulgar uma imagem de um Brasil com conflitos étnicos e raciais frente à herança da escravidão.
D
uma imagem de mulher preocupada com luxo e riqueza e que abandona família e filhos para se dedicar à carreira de cantora internacional.

Gabarito comentado

M
Monica Lima Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: a questão pede interpretação de uma letra musical como texto cultural. É preciso reconhecer o tipo de representação presente — aqui, uma imagem idealizada da baiana vinculada à beleza, à sensualidade e aos elementos materiais e estéticos típicos da Bahia (vestuário, bijoux, graça).

Resumo teórico rápido: representações culturais são construções que combinam traços reais e estereótipos; músicas populares muitas vezes ressaltam atributos visuais e simbólicos para criar uma figura arquetípica. No Brasil, a figura da baiana tornou‑se ícone cultural — guarda‑roupa típico (pano‑da‑costa, bata, saia), acessórios e gestualidade — frequentemente exaltados em canções e no carnaval (ver Dorival Caymmi; contexto histórico: Freyre, "Casa‑Grande & Senzala", discute mestiçagem e símbolos regionais como produtos culturais).

Justificativa da alternativa A (correta): o trecho lista repetidamente adornos e trajes ("torço de seda", "brincos de ouro", "pano‑da‑Costa", "bata rendada", etc.) e termina com "Tem graça como ninguém". Esses itens evocam beleza, sensualidade e os encantos da terra natal — exatamente o que a alternativa A resume: uma representação ligada à sensualidade e às belezas locais.

Por que as outras alternativas estão erradas:

B — afirma que é um "vocabulário datado" que não corresponde mais à mulher negra atual. A letra é uma representação artística e evoca objetos tradicionais; não se propõe a descrever a realidade social contemporânea nem faz julgamento temporal. A alternativa confunde crítica social com descrição estilística.

C — sugere que a canção divulga uma imagem de um Brasil com conflitos étnicos e raciais. Nada na letra aponta para conflito ou análise social sobre herança da escravidão; o foco é estético e identitário, não político ou conflituoso.

D — descreve uma mulher que abandona família para virar cantora internacional preocupada com luxo — isso não consta do texto. A letra traz adereços e graça, não história de abandono ou carreira internacional.

Estratégia de prova: leia o texto buscando evidência direta. Em músicas, verbos e listagens (como "tem... tem") são fortes indicadores do foco. Elimine alternativas que extrapolam o que o texto apresenta (críticas sociais, narrativas biográficas) e prefira a interpretação que dialoga literalmente com os elementos do enunciado.

Fontes úteis: letra de Dorival Caymmi; para contexto cultural e histórico, consulte Gilberto Freyre, "Casa‑Grande & Senzala" (sobre formação cultural brasileira) e estudos sobre a iconografia da baiana em música e carnaval.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Questões para exercitar

Dicas de estudo