A síntese abiótica de compostos de interesse biológico constituiu o contexto molecular do alvorecer da vida, sobre o qual é pertinente
considerar:
A origem da vida na Terra é uma questão ainda em aberto. No entanto, sabe-se que, há cerca de 3,5 bilhões de
anos, já havia, na Terra primitiva, atividade de organismos unicelulares — cianobactérias. Vários processos químicos
antecederam a vida unicelular. Primeiramente, foi preciso que substâncias químicas básicas, como metano, amônia,
sulfeto de hidrogênio, dióxido de carbono, fosfato e água formassem compostos de interesse biológico, como a glicina,
presente em proteínas. Em uma segunda etapa, teriam sido produzidos lipídios e fosfolipídios. Posteriormente, em
fases mais avançadas, moléculas de ácido ribonucleico, RNA, seriam formadas, permitindo a síntese de proteínas.
(PACHECO, 2014, p.35-38).
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: origem da vida e hipóteses sobre os primeiros sistemas bioquímicos (mundo pré-biótico, formação de monômeros, lipídios, RNA e protocélulas). Conhecimentos necessários: química pré-biótica (experimentos de Miller-Urey), hipótese do RNA world (Gilbert), e o papel de ribozimas (Cech) e membranas lipídicas na emergência de sistemas celulares.
Resumo teórico breve: estudos mostram que monômeros (aminoácidos, nucleotídeos) podem surgir abióticamente; o RNA é plausível como molécula primordial porque pode tanto armazenar informação quanto catalisar reações (ribozimas). Posteriormente, proteínas e DNA teriam assumido funções específicas, e lipídios formariam vesículas (protocélulas) que concentram e protegem reações químicas.
Justificativa da alternativa A (correta): A afirmação relaciona a hipótese do mundo de RNA com a observação bioquímica atual: durante a replicação do DNA em células modernas é necessário um primador de RNA (enzima primase sintetiza RNA curto) para iniciar a síntese de DNA. Esse fato mostra que RNA ainda participa de processos fundamentais de replicação, oferecendo suporte histórico/funcional à ideia de que o RNA foi crucial nas etapas iniciais da vida (capaz de informação e catálise). Portanto a alternativa A é coerente com evidências bioquímicas conhecidas.
Por que as demais estão erradas:
B — Afirma que catalisadores surgiram por transformação do RNA em enzimas proteicas cedo; na verdade, a hipótese favorece ribozimas (RNA catalítico) como primeiros catalisadores. Proteínas enzimáticas provavelmente surgiram depois e não por transformação direta do RNA em enzimas.
C — Diz que polipeptídeos tornaram a síntese proteica independente de informação genética. Isso é falso: a síntese de proteínas requer informação (RNA mensageiro/tRNA/ribossomos). Polipeptídeos isolados não substituem o papel da informação genética.
D — Afirma que envoltórios lipídicos inviabilizaram interações ambiente interno/externo. Pelo contrário, protocélulas criam compartimentalização que favorece reações internas, permitindo seletiva troca e proteção; não “inviabilizam” interação, mas modulam-na de forma vantajosa.
E — Argumenta que processos abióticos ocorrendo hoje indicam repetição da origem da vida. Incorreto: a Terra atual é oxidante (O2 presente) e biologicamente ativa; condições pré-bióticas (atmosfera redutora, nichos energéticos) eram distintas. Assim, a origem da vida dificilmente está se repetindo nas condições atuais.
Dica de prova: fique atento a termos absolutos (ex.: “inviabilizou”, “independente”) e a coerência bioquímica entre premissa e conclusão. Relacione sempre o enunciado a mecanismos conhecidos (primase/primer, ribozimas, protocélulas).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






