"Rezava o contrato, mais ou menos, que nós, mediante
o adiantamento das despesas de viagem e dos víveres
necessários, nos obrigaríamos a tratar, na fazenda do
senhor N., na província de São Paulo, no Brasil, de um
certo número de cafeeiros e colher-lhes os frutos até
que, com a meia da mesma colheita ou de outra
maneira, tivéssemos repago o adiantamento e mais os
módicos juros." HÖRMEYER, Joseph. O que Jorge conta sobre o Brasil. Rio
de Janeiro: Presença, 1966, p. 27.
O texto acima faz referência
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: sistema de parceria (meia) praticado nas fazendas de café do interior paulista no século XIX — especialmente exemplificado pela Fazenda Ibicaba, do senador Vergueiro. O enunciado descreve um contrato típico de parceria: o fazendeiro adianta despesas e víveres; o trabalhador cultiva e a remuneração vem como metade da colheita.
Resumo teórico: o sistema de parceria (ou parceria agrícola) era uma forma de parceria agrícola/colonato onde o proprietário fornecia terra, mudas, ferramentas e adiantamentos; o parceiro (muitas vezes imigrante europeu) trabalhava e recebia uma fração da produção — geralmente a "meia" (50%). Foi muito usado na transição entre trabalho escravo e imigrante, sendo experimentado em grandes fazendas cafeeiras como Ibicaba.
Fontes-chave: Lei nº 601, de 18/09/1850 (Lei de Terras) — contexto legal da posse da terra; estudos sobre a imigração e o café paulista e relatos de época sobre a Fazenda Ibicaba (caso Vergueiro) e contratos de parceria.
Por que A está certa: O texto descreve exatamente o contrato de parceria: adiantamento de custos e pagamento pela metade da colheita. Esse é o modelo implementado no episódio da Ibicaba com colonos alemães e suíços promovido por Vergueiro, tornando A a alternativa que melhor corresponde ao trecho.
Por que as outras estão erradas:
B) Lei de Terras (1850): incorreto afirmar que ela permitia ao imigrante tornar-se proprietário facilmente — a lei, na verdade, regulou e restringiu a ocupação de terras públicas, exigindo compra; não descreve o tipo de contrato citado.
C) Substituição por escassez de mão-de-obra africana: imigrantes vieram por diversos motivos (política, atração por trabalho assalariado e contratos), e a citação do contrato indica parceria, não uma simples causa única vinculada à África.
D) Produção arruinada após a Lei Áurea: falso historicamente — a abolição (1888) não arruinou automaticamente a produção; o sistema de parceria e a imigração já vinham ocorrendo antes e por razões econômicas e sociais complexas.
E) Início do trabalho assalariado substituindo índios e negros: muito genérico e impreciso. O contrato descrito refere-se a parceria/colonato (remuneração em parte da produção), não ao início imediato do assalariamento puro e simples.
Dica de interpretação: procure palavras-chave do contrato: "adiantamento", "víveres", "tratar de cafeeiros", "meia da colheita" — elas apontam diretamente para o sistema de parceria.
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