O “Abominável Mistério” de Darwin teve uma hipótese alternativa proposta por Gaston de
Saporta, a qual foi confirmada pela ampliação do conhecimento dos registros fósseis e estudos
moleculares. Sabe-se, hoje, que muitas angiospermas e muitos insetos tiveram um processo
evolutivo conjunto.
Esse tipo de evolução em que duas espécies evoluem em conjunto é denominado:
Texto base para as questão
“Charles Robert Darwin (1809-1882) chamou de “Abominável Mistério” o surgimento, rápida diversificação e dominância das Angiospermas no registro fóssil. A explicação encontrada por Darwin foi de que a origem das angiospermas teria sido restrita geograficamente com uma rápida expansão. Contudo, ele próprio considerou tal hipótese conjecturalmente pobre. Uma hipótese alternativa foi proposta por Louis Charles Joseph Gaston de Saporta (1823– 1895): um conjunto de eventos evolutivos de interações entre angiospermas e insetos teria um papel central na rápida diversificação das angiospermas no Jurássico. A hipótese de Gaston de Saporta foi confirmada, posteriormente, pela ampliação do conhecimento sobre o registro fóssil e por estudos moleculares. A fantástica diversificação dos insetos e angiospermas atuais devese, em grande parte, a um padrão de etapas evolutivas graduais. A evidência geral sugere que, em parte, a evolução conduziu os insetos e as plantas a cobrirem o globo atual”.
Texto adaptado de História da Ciência e Ensino – Construindo Interfaces; Valdir Lamim-Guedes; Volume 10, 2014 – pp. 60-69; ISSN: 2178-2911.
Gabarito comentado
Resposta correta: A - Coevolução
Tema central: a questão aborda interações evolutivas entre espécies — em especial plantas (angiospermas) e insetos — e pede o nome do processo em que duas espécies influenciam reciprocamente sua evolução.
Resumo teórico: Coevolução é a mudança evolutiva recíproca entre espécies que interagem direta ou indiretamente por seleção natural. Pode ser par a par (ex.: figueiras e avespas de figo) ou difusa (vários polinizadores vs. plantas). Coevolução inclui relações mutualísticas (polinização), parasitismo e predatorio–presa (armas e defesas). Fontes importantes: J. N. Thompson, The Geographic Mosaic of Coevolution (2005); Futuyma, Evolutionary Biology; Campbell & Reece, Biology.
Justificativa da alternativa A: o enunciado descreve plantas e insetos que evoluíram em conjunto, com mudanças mútuas que favoreceram diversificação — definição clássica de coevolução. Estudos fósseis e moleculares mostram adaptação recíproca (flor × mecanismo de polinizador), confirmando essa interpretação.
Análise das alternativas incorretas:
B – Evolução simpátrica: refere‑se à especiação dentro de uma mesma área geográfica (isolamento reprodutivo sem separação física). Não descreve interação recíproca entre duas espécies.
C – Evolução alopátrica: especiação por isolamento geográfico. Não implica interação evolutiva direta entre espécies diferentes.
D – Evolução divergente: descreve linhagens que se tornam diferentes a partir de um ancestral comum; é um padrão filogenético, não necessariamente fruto de interação recíproca entre espécies.
E – Evolução convergente: espécies não aparentadas desenvolvem traços semelhantes por pressões ambientais análogas — sem interação recíproca entre elas.
Dica de interpretação: procure palavras‑chave no enunciado — “evoluíram em conjunto”, “interações” e “recíprocas” indicam coevolução. Descarte termos ligados apenas a especiação (simpátrica/alopátrica) ou similaridade independente (convergente).
Referências rápidas: Thompson (2005); Futuyma (2009); Campbell & Reece (Biology).
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