A ILHA DO LITORAL DE SÃO PAULO COM A SEGUNDA MAIOR

CONCENTRAÇÃO DE COBRAS DO PLANETA

A ilha da Queimada Grande, conhecida como ilha das cobras, é habitada quase que exclusivamente por uma espécie de cobra, a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis). Segundo o pesquisador e especialista em animais peçonhentos Vidal Haddad Júnior, o isolamento e as condições geográficas da ilha lentamente modificaram as características das cobras em relação às jararacas continentais, criando a nova espécie. "Sua cauda adquiriu capacidade preensil (de se agarrar a algo) e a dentição ganhou um aspecto mais curvo, para prender as aves mais facilmente e não soltá-las enquanto o veneno age". "Para subir em árvores, sua pele se tornou mais elástica do que a de suas parentes do continente", explica Otávio Marques, pesquisador e diretor do Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto Butantan.

Evanildo da Silveira BBC Brasil (adaptado) 24 fevereiro 2018

Disponível em:<http://www.bbc.com/portuguese/geral-43115867> .

A forma como o texto apresenta as modificações ocorridas no animal aplica-se à teoria:

Gabarito: Alternativa A - Lamarckista

Tema central: mecanismos de transformação das espécies — como as características dos organismos surgem e se fixam ao longo do tempo. Para responder é preciso distinguir duas ideias históricas: herança de caracteres adquiridos (lamarckismo) vs. seleção natural sobre variação pré‑existente (darwinismo/síntese moderna).

Resumo teórico claro:

Lamarckismo: afirma que mudanças no uso e desuso de órgãos durante a vida produzem modificações que são transmitidas aos descendentes (ex.: pescoço das girafas por estiramento). Fonte clássica: Lamarck, 1809.

Darwinismo: variação individual pré‑existente + seleção natural; indivíduos com características vantajosas têm maior sucesso reprodutivo; as características não surgem por uso direto. (Darwin, 1859).

Teoria Sintética (Síntese Moderna): integra genética mendeliana com seleção natural; explica mecanismos genéticos das variações (Dobzhansky, Mayr, 1930–50s).

Criacionismo: explicação não‑científica baseada em origem sobrenatural; fora do escopo metodológico da biologia evolutiva.

Por que a alternativa A é correta:

O texto atribui as modificações (cauda preensil, dentição mais curvada, pele mais elástica) ao fato de que o animal “adquiriu” certas capacidades em resposta ao ambiente insular — ou seja, características desenvolvidas durante a vida que teriam sido transmitidas à descendência. Esse raciocínio é a marca do lamarckismo.

Análise das alternativas incorretas:

B — Darwinista: incorreto porque o texto enfatiza aquisição por uso/necessidade, não seleção sobre variação aleatória. Darwin explicaria as adaptações por seleção entre variações já existentes.

D — Teoria Sintética da Evolução: também incorreta; embora explique especiação e adaptações, baseia‑se em seleção + genética, não em transmissão de caracteres adquiridos, como faz o texto.

C — Criacionismo: incorreto; o texto apresenta uma explicação naturalista de mudança ao longo do tempo, não uma origem sobrenatural.

Dica de interpretação: procure palavras‑chave no enunciado — “adquiriu”, “capacidade” durante a vida, “modificaram” por uso/necessidade apontam para Lamarck; termos como “variação”, “seleção” ou “sobrevivência diferencial” apontam para Darwin/síntese moderna.

Fontes clássicas: Lamarck (Philosophie Zoologique, 1809); Darwin (On the Origin of Species, 1859); Dobzhansky (Genetics and the Origin of Species, 1937). Observação: a biologia moderna reconhece alguns mecanismos epigenéticos de herança limitada, mas isso não valida o lamarckismo tradicional como explicação geral.

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