Roland Barthes afirma que o momento da espera do ser amado para um encontro acontece como uma peça de teatro, composta por atos distintos, podendo ter finais também diferentes considerando-se a especificidade de cada ato. No poema de Felix de Souza, encontramos uma espera que não apresenta todos os atos de cena citados por Roland Barthes em Fragments d'un discours amoureux. Por quê?
Leia os dois textos a seguir para responder às questões
de 04 a 06.


de 04 a 06.


Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: trata‑se de interpretação comparativa: relacionar a visão de Roland Barthes sobre a espera amorosa (Fragments d'un discours amoureux) com a espera apresentada no poema. É necessário reconhecer quais “atos” dramatizados por Barthes aparecem ou não no texto poético.
Resumo teórico: Barthes descreve a espera amorosa como sequence de momentos teatrais — ansiedade, suspensão, possibilidade de chegada ou não do outro, manifestações (gritos, súplicas), ou despedida. A análise exige atenção às imagens que indicam intensidade afetiva, presença/ausência e final possível (reunião, morte do desejo, adieu).
Por que B é a correta? A alternativa B afirma que “L'attente est marquée simplement par l'oppression.” No poema, a espera não percorre todos os atos dramatizados por Barthes: não há atraso emblemático do outro, nem adieu certo, nem bebida que altere sentimentos, nem substituição por um “cri muet” que resolva a angústia. O elemento dominante é uma sensação opressiva e estática — a espera se reduz a uma pressão interior, sem os desenvolvimentos teatrais mencionados por Barthes. Assim, a leitura que melhor corresponde ao texto é a da espera marcada simplesmente pela opressão.
Análise das alternativas incorretas:
A: “L'autre n'arrive pas en retard” — incorreta porque afirma positivamente a chegada pontual; Barthes enfatiza o jogo do atraso/chegada, e o poema não apresenta esse movimento, concentrando‑se em sentimento opressor, não na ausência temporizadora.
C: “La bière altère souvent les sentiments” — irrelevante ao contexto teórico; remete a um detalhe material que não é núcleo da reflexão barthesiana nem da visão do poema.
D: “Le cri muet remplace l'angoisse” — incorreta porque supõe uma figura substitutiva (o “cri muet”) que resolveria ou representaria a angústia; o poema, ao contrário, mantém a angústia como estado opressivo e não a substitui por um gesto simbólico.
E: “L'adieu certain fait mourir l'amour” — fala de despedida definitiva; o poema não exibe esse encerramento seguro do vínculo, mas sim uma espera compressiva, sem conclusão categórica.
Estratégia de prova: identifique palavras-chave do enunciado (ex.: “espera”, “atos”, “final”) e compare com imagens do texto. Pergunte: o poema apresenta chegada/atraso, clímax dramático, gesto substitutivo ou conclusão? Se faltar sequência dramática e predominar sensação, escolha a alternativa que descreve esse predomínio (aqui, opressão).
Fonte recomendada: Roland Barthes, Fragments d'un discours amoureux (1977) — para entender as categorias da espera amorosa.
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