Dependência completa do aparato celular de síntese proteica, incluindo ribossomos e enzimas
relacionados ao processamento de RNAs e proteínas.
Há dez anos, a descoberta do Mimivírus, um vírus que infecta Acanthamoeba, iniciou uma
reavaliação sobre os limites superiores do mundo viral, tanto em termos do tamanho da
partícula (>0.7 micrômetros), quanto à complexidade do genoma (1000 genes), dimensões
típicas de bactérias parasitas. A diversidade destes vírus gigantes (Megaviridae) foi avaliada por
amostragem de uma variedade de ambientes aquáticos e seus sedimentos associados em todo o
mundo. Relatamos o isolamento dos dois vírus gigantes, um da costa do Chile central, o outro
de uma lagoa de água doce perto de Melbourne (Austrália), ambos sem semelhança morfológica
ou genômica com as famílias de quaisquer vírus definidos anteriormente. Suas partículas, de
formato oval, contêm genomas de DNA de 2,5 e 1,9 megabases, respectivamente. Estes vírus
são os primeiros membros do gênero proposto "Pandoravirus", um termo que reflete sua falta de
semelhança com micro‑organismos descritos anteriormente e também as surpresas esperadas a
partir de estudos futuros. (PHILIPPE et al. , 2013, p. 281).
Embora tenham o tamanho de uma bactéria e genomas grandes, com relativa complexidade,
esses agentes infecciosos são classificados como vírus pelos pesquisadores. Para tanto, devem
apresentar, entre outras características, as seguintes:
Gabarito comentado
Alternativa correta: C (Certo)
Tema central: entendimento da dependência viral da maquinaria celular para síntese proteica. A questão testa se você reconhece que, mesmo vírus gigantes, continuam incapazes de realizar tradução independente pois carecem de ribossomos funcionais.
Resumo teórico: Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Eles podem portar genes numerosos (como Mimivirus e Pandoravirus), inclusive genes relacionados ao metabolismo de RNAs e proteínas, mas não possuem ribossomos completos capazes de realizar tradução. Assim, dependem do aparato traduzidor do hospedeiro (ribossomos, fatores de elongação, aminoacil‑tRNA sintetases celulares, etc.). Essa é uma das características clássicas que justificam sua classificação como vírus (Alberts et al.; Fields Virology; Philippe et al., 2013).
Justificativa da alternativa correta: A assertiva afirma “dependência completa do aparato celular de síntese proteica, incluindo ribossomos e enzimas relacionados ao processamento de RNAs e proteínas.” Essa afirmação é válida: mesmo os chamados vírus gigantes necessitam dos ribossomos do hospedeiro para traduzir seus mRNAs. Apesar de alguns desses vírus codificarem proteínas relacionadas à tradução ou ao processamento de RNAs, isso não substitui ribossomos funcionais nem torna o vírus independente para síntese proteica.
Estratégia para resolver questões assim: - Procure palavras-chave como “dependência completa” ou “independência”; a presença/ausência de ribossomos é decisiva. - Diferencie genes “relacionados” com tradução (auxiliares) de possuir o maquinário completo. - Lembre: haver genes codificando enzimas relacionadas não equivale a autonomia traduzional.
Fontes recomendadas: Alberts et al., Molecular Biology of the Cell; Fields Virology; Philippe et al., Nature (2013) sobre Pandoravirus.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






