Questão ac2cd446-b3
Prova:IF-PR 2016
Disciplina:Geografia
Assunto:Geografia Econômica

O conceito de alienação pressupõe diferentes entendimentos conforme seu emprego, como na esfera jurídica em que indica a perda da posse de um bem; no campo da psiquiatria, refere-se à perda da dimensão de si na relação com os outros; no âmbito religioso, aponta para à idolatria e a perda da autonomia. Para Jean Jacques Rousseau, tal fenômeno acontece quando se perde a compreensão do mundo, tornando-se alheio à própria realidade. Na concepção marxista, a alienação, fruto da divisão de trabalho produzido pela mecanização fabril e que atingiu seu auge, no século XX, com as linhas de montagem, é caracterizada quando:

A
o salário pago pelo empregador fica abaixo dos índices de mercado.
B
o trabalhador perde seu emprego e para sobreviver aceita um subemprego.
C
o trabalho é feito apenas por técnicos especialistas.
D
o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu.

Gabarito comentado

T
Taina VegaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: Do produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu.

Tema central: a questão aborda o conceito marxista de alienação no trabalho, especialmente em contextos de divisão do trabalho e mecanização (linha de montagem). É tema recorrente em disciplinas de Geografia Econômica e Sociologia do Trabalho.

Resumo teórico progressivo: segundo Karl Marx (Manuscritos Econômico‑Filosóficos, 1844), a alienação no capitalismo manifesta‑se em quatro dimensões principais: 1) do produto do trabalho (o trabalhador não controla nem possui o que produz); 2) do processo de trabalho (trabalho visto como mera atividade necessária, sem autonomia); 3) de sua “espécie” ou essência humana (perda da criatividade); 4) dos outros trabalhadores (relações sociais mediadas pelo capital). A alternativa D corresponde diretamente à primeira dimensão — elemento-chave da teoria marxista da alienação.

Justificativa da resposta D: a afirmação descreve exatamente a situação em que o fruto do trabalho é apropriado pelo capitalista — o operário cria valor, mas não detém o produto nem o excedente; essa separação é a essência da alienação marxista. Em contextos de mecanização e linhas de montagem, isso se acentua porque o trabalhador executa tarefas fragmentadas sem controle sobre o resultado.

Análise das alternativas incorretas:

A: "o salário pago pelo empregador fica abaixo dos índices de mercado." Isso trata de remuneração inadequada ou exploração salarial, porém não define alienação segundo Marx — alienação refere‑se à relação entre trabalhador e produto/processo, não diretamente a níveis salariais comparativos.

B: "o trabalhador perde seu emprego e para sobreviver aceita um subemprego." Essa alternativa descreve desemprego e precarização, consequências possíveis do capitalismo, mas não a definição conceitual de alienação marxista.

C: "o trabalho é feito apenas por técnicos especialistas." A especialização técnica ou profissionalização não equivale necessariamente à alienação; na teoria marxista, a divisão do trabalho pode causar alienação, mas a simples presença de especialistas não traduz o núcleo do conceito.

Dicas para provas: procure termos-chave no enunciado como "produto do trabalho", "pertencer", "linha de montagem" — esses indicam imediatamente a dimensão marxista da alienação. Desconfie de alternativas que citam efeitos correlatos (salários baixos, desemprego) como se fossem a definição central.

Fonte principal: Marx, K. (1844). Economic and Philosophic Manuscripts. Para leitura introdutória: textos de sociologia do trabalho ou manuais de história do pensamento econômico.

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