A letra da música aponta para um determinado período da sociedade moderna, o qual é denominado como
regime de acumulação “flexível”, regime de acumulação “integral”, globalização, hipermodernidade, entre outros
nomes. A música “Reengenharia” apresenta as seguintes características da atual fase da sociedade moderna:
Leia a letra da música a seguir.
REENGENHARIA
Itamar Assumpção
Meu amor eu tive uma ideia genial
Que tal inserir nosso lar na economia global
É muito simples não tem filosofia
É só fazer a tal reengenharia
No mundo todo vai que é uma beleza
Por que não fazer igualzinho lá em casa, hein princesa
É só jogar no lixo o que não precisa
A tua mãe, por exemplo, a gente terceirizaNão se preocupe com a culinária
Agora ficou chique comer porcaria
Ter urticária o que que há de mal afinal
É só um bocadinho de mesquinharia
Meu bem não vejo a hora de fazer economia de escala
O mala do nosso vizinho pegamos botamos fora
A mulher dele a gente incorpora
Vamos acabar com todo desperdício
Afinal qual é o mal é só a beira do precipício
Os amigos a gente eliminaE traz só de brinquedinho baratinho lá da China
Vamos criar um lar bem competitivo
Um lar que seja voltado só para um objetivo
Entre o ativo e o passivo
Vamos ver qual de nós dois ainda continua vivo
Vamos cair de boca no pragmatismo
Afinal qual é o mal, é só a beira do abismo
Querida vamos acabar com todo sossegoDar um basta nos sentimentos e nos momentos de aconchego
Pulmão otimizado coração desativado no seguro desemprego
Nosso lar vai virar uma operação enxuta
Com muito mais inveja, com muito mais disputa
Afinal qual é o mal em ser só um tiquinho filho da puta
Vamos concentrar nossa vocação meu bemFicar querendo o que a gente não temOh! Meu amor eu quero detonar o quarteirão o mundo o bairro
Só pra comprar nosso segundo carro
Oh! Meu amor quando tudo der certo
Ficaremos só nós dois num lindo deserto
Vai ser legal ser moderno aqui no meio do inferno
Poderemos gravar tudo isso em vídeo
Afinal qual é o mal é só um pouquinho de suicídio
Teu irmão eu aniquilo teu pai jogamos no asilo
É, só vamos comer por quilo
Disponível em:<https://www.letras.mus.br/itamar-assumpcao/272498/>. Acesso em: 23 mar. 2017.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: a letra faz crítica à fase contemporânea do capitalismo — marcada pela globalização, pelo neoliberalismo e por práticas como terceirização e corte de custos (pragmatismo econômico). Essas palavras-chave aparecem claramente no texto da canção.
Resumo teórico (claro e progressivo): desde os anos 1970–90 emergiu um regime de acumulação flexível, com ênfase em mercados globais, cadeias produtivas internacionais, desregulamentação e busca por redução de custos — características associadas ao neoliberalismo (ver: David Harvey; Manuel Castells). Isso traz terceirização, precarização do trabalho e foco em eficiência/competitividade.
Por que a alternativa E está correta: ela reúne os elementos presentes na letra: globalização (inserir o lar na economia global), neoliberalismo e redução de gastos (economia de escala, “jogar no lixo o que não precisa”, operação enxuta), terceirização (terceirizar a mãe, banalização do afeto) e pragmatismo (foco em lucro e eficiência em detrimento de laços sociais).
Análise das alternativas incorretas:
A: descreve o fordismo (produção em massa, crédito, intervencionismo) — sistema anterior, não o regime flexível criticado na letra.
B: foca em taylorismo e cientificismo produtivo; ausência de termos centrais do texto (globalização, terceirização, neoliberalismo).
C: menciona capitalismo financeiro e competição — parcialmente próximo — mas inclui intervencionismo estatal, que contraria a crítica ao corte de gastos e desregulação presente na música.
D: mistura conceitos confusos (estado mínimo e forte ao mesmo tempo, modelo chinês) e não destaca terceirização e neoliberalismo como E faz.
Sugestão de estratégia para gabaritar: busque palavras-chave no enunciado (ex.: terceirizar, economia de escala, global) e relacione com regimes históricos (fordismo/taylorismo vs. acumulação flexível/neoliberalismo). Descarte alternativas que misturam épocas ou conceitos opostos.
Fontes recomendadas: David Harvey (The Condition of Postmodernity), Manuel Castells (The Rise of the Network Society), relatórios da OIT sobre trabalho precarizado.
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