Recentemente, a imprensa de todo o país e do exterior provocou grande alvoroço, ao alertar sobre possíveis casos de adulteração da carne que chega ao consumidor, incluindo processos de camuflagem desses produtos para disfarçar aspectos físicos que denunciariam o estado de deterioração. Diante desse alerta, quais são os principais riscos à saúde humana associados ao consumo de carne deteriorada?

Os ovos dos microrganismos responsáveis pela decomposição da carne, ao serem ingeridos pelos seres humanos, podem migrar pela corrente sanguínea e se alojar no cérebro, podendo provocar dores de cabeça, convulsões, confusão mental e até a morte.

Microrganismos presentes na carne em decomposição podem causar infecções, entre as quais a hanseníase, doença altamente contagiosa, que pode afetar os nervos periféricos, diminuindo a sensibilidade da pele, como a capacidade de detectar o toque, a dor, o calor e o frio, de modo que as pessoas infectadas podem queimar-se, cortar-se ou ferir-se sem perceber.

Ao serem ingeridos, os microrganismos e suas toxinas presentes na carne podem causar desde uma simples diarreia e/ou vômito (reações da intoxicação alimentar e forma de expelir partículas nocivas) até quadros mais graves de infecções gastrointestinais, principalmente se forem provocadas por bactérias resistentes, como as salmonelas, que, em alguns casos, podem causar lesão no tecido intestinal.

Pessoas que consomem carne deteriorada têm grande risco de desenvolver câncer, pois os tecidos da carne nesse estado possuem células cancerosas que, ao serem ingeridas, podem infectar as células saudáveis do trato digestório humano, causando a multiplicação desordenada dessas células e o surgimento de tumores.

Nessas condições a carne não serve mais como fonte de nutrientes, pois esses foram consumidos pelos microrganismos decompositores, sendo assim, a carne deixa de ter valor nutricional, podendo levar ao estado de desnutrição das pessoas que a consomem.

Gabarito comentado

Pâmela ArrudaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: alternativa C

Tema central: riscos do consumo de carne deteriorada para a saúde humana. Essa questão exige distinguir entre intoxicação por toxinas microbianas, infecção por microrganismos patogênicos e ideias equivocadas sobre “células” ou “ovos” que poderiam infectar o corpo.

Resumo teórico (claro e progressivo):

Degradação da carne ocorre por ação de bactérias, leveduras e fungos que crescem quando armazenamento, higiene ou cocção são inadequados.
Esses microrganismos podem causar intoxicação alimentar (toxinas pré-formadas, ex.: Staphylococcus aureus) ou infecção alimentar (ingestão de bactérias/vírus que se multiplicam no trato digestório, ex.: Salmonella, E. coli, Clostridium).
Os sintomas variam: náusea, vômito, diarreia, dores abdominais; casos graves podem evoluir para desidratação, bactérias invasivas e até sepse em pacientes vulneráveis.

Fontes úteis: WHO — "Five keys to safer food" (OMS); CDC — Foodborne Illnesses; ANVISA — Boas Práticas de Manipulação de Alimentos.

Por que a alternativa C é correta:

A alternativa C descreve exatamente os riscos reais: ingestão de microrganismos e suas toxinas que provocam desde diarreia e vômito até infecções gastrointestinais mais graves. Cita corretamente salmonelas como exemplo de bactéria que pode lesar tecido intestinal e causar infecção — informação compatível com manuais de microbiologia e vigilância sanitária (CDC/WHO).

Análise das alternativas incorretas:

A (errada): fala em "ovos dos microrganismos" que migram ao cérebro. Microrganismos não produzem “ovos” que atravessam a barreira sanguínea dessa forma; além disso, o quadro descrito não corresponde aos efeitos típicos de carne deteriorada.
B (errada): associa decomposição à hanseníase. Hanseníase é causada por Mycobacterium leprae e não é transmitida pelo consumo de carne deteriorada; sua epidemiologia e vias de transmissão são diferentes.
D (errada): afirma que células cancerosas da carne infectam e causam câncer no consumidor — falso. Câncer não é transmissível por ingestão de células tumorais; o consumo de carne deteriorada não “passa” câncer por esse mecanismo.
E (errada): diz que a carne perde totalmente valor nutricional porque microrganismos “consumiram” os nutrientes. Embora haja degradação de qualidade, a principal preocupação é risco de intoxicação/infecção, não desnutrição imediata por perda total de nutrientes.

Dica de prova: ao ler alternativas, procure termos biologicamente impossíveis (ex.: “ovos” de bactérias, transmissão de câncer por alimento). Foque em mecanismos conhecidos: infecção vs intoxicação.

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