Questão a4a78061-b5
Prova:UFJF 2018
Disciplina:Biologia
Assunto:Hereditariedade e diversidade da vida

A determinação de paternidade pelo DNA foi introduzida no Brasil trinta anos atrás, em 1988, com a contribuição do Núcleo de Genética Médica de Minas Gerais. Desde então o procedimento alavancou uma verdadeira revolução judicial e social, agilizando a solução de milhares de casos de determinação de paternidade e permitindo a solução de problemas de paternidade na esfera extrajudicial, no seio das famílias.

(PENA, Sérgio. Considerações bioéticas sobre a determinação da paternidade pelo DNA. Minas Faz Ciência, edição especial Bioética, nov. 2018.)


Marque a alternativa INCORRETA sobre características hereditárias e testes genômicos:

A
O teste de paternidade é possível a partir de análises comparativas entre o DNA nuclear da mãe, do filho e do suposto pai.
B
O teste de paternidade compara os alelos do filho aos do suposto pai, sendo que, para a confirmação da paternidade, todos os alelos do filho devem corresponder aos do suposto pai.
C
O teste de maternidade é 100% confiável, já que o DNA mitocondrial do ser humano é herdado apenas do genitor feminino.
D
O teste de paternidade pressupõe que a constituição genética do filho é gerada a partir de metade dos cromossomos da mãe e metade dos cromossomos do pai.
E
A determinação da paternidade constitui uma aplicação prática das informações sobre a variabilidade genética humana obtidas através do Projeto Genoma Humano.

Gabarito comentado

R
Robson FriasMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa B — INCORRETA

Por que B está errada: a alternativa afirma que "todos os alelos do filho devem corresponder aos do suposto pai". Isso é uma pegadinha conceitual. Em loci autossômicos (STRs usados em testes de paternidade) cada indivíduo tem dois alelos por locus — um herdado da mãe e outro do pai. Para que o suposto pai seja compatível, basta que ele apresente, em cada locus, pelo menos um alelo que corresponda ao alelo paterno do filho. Não é exigido que ele possua todos os alelos do filho (alguns já provêm da mãe). Além disso, mutações raras ou erros laboratoriais podem explicar incompatibilidades pontuais, tratadas estatisticamente pelo índice de paternidade (PI).

Resumo teórico (essencial):

- Testes de paternidade usam predominantemente DNA nuclear (marcadores STR) e comparam genótipos de mãe, filho e suposto pai.

- Cada filho herda um alelo de cada progenitor por locus; o suposto progenitor deve ser compatível em cada locus (ter o alelo necessário), não "igualar todos os alelos".

- DNA mitocondrial é herdado maternalmente e serve para confirmar linhagem materna, mas tem menor poder discriminatório entre indivíduos da mesma linhagem.

- Projeto Genoma Humano e avanços em genômica permitiram o desenvolvimento e padronização dos marcadores e métodos usados em testes forenses e de parentesco (ver Butler, ISFG guidelines).

Análise rápida das demais alternativas:

A — Correta. O teste de paternidade realmente usa o DNA nuclear (comparação entre mãe, filho e suposto pai). A inclusão da mãe aumenta a precisão e reduz ambiguidades.

C — Aceita no contexto da prova. É verdadeiro que o DNA mitocondrial é transmitido praticamente só pela mãe, o que permite testes de maternidade/linhagem materna. Observação prática: afirmar "100% confiável" é redutor — heteroplasmia e coincidência de haplótipos em linhagens amplas limitam discriminação individual, mas a alternativa é baseada no princípio da herança mitocondrial.

D — Correta. Conceito mendeliano básico: a constituição genética do filho resulta de cromossomos herdados metade da mãe e metade do pai (gametogênese e fusão de gametas).

E — Correta. A aplicação prática dos dados sobre variabilidade humana (marcadores, técnicas de sequenciamento e genotipagem) tem raízes no conhecimento gerado pelo Projeto Genoma Humano e na genômica forense subsequente.

Estratégia para provas: desconfie de termos absolutos ("todos", "sempre", "100%"); lembre-se do mecanismo mendeliano (um alelo por progenitor por locus) e da diferença entre DNA nuclear (alta discriminação individual) e mitocondrial (linhagem materna).

Fontes e leituras sugeridas: ISFG recommendations for parentage testing; Butler JM, Forensic DNA Typing; Human Genome Project summaries.

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