Eixo Temático: Redes e escalas: entre pontos e movimentos

A globalização, que implica necessariamente uma relação dialética entre o local e o global, passando por uma ampla gama de estados intermediários (o regional, o nacional etc.), põe em destaque a importância do conceito de escala na Geografia.

(Adaptado de FONT, J. N.; RUFFÍ, J. V. Geopolítica, identidade e globalização. São Paulo: Annablume, 2006, p. 41).

O fragmento do texto acima faz referência ao conceito de escala

cartográfica, entendida como a relação numérica e de proporcionalidade entre a realidade e a sua representação nos mapas.

geográfica, mais ampla e global que a escala cartográfica, é entendida como uma hierarquia de níveis e âmbitos em cada um dos quais se manifestam fenômenos específicos e dinâmicas territoriais próprias, que interagem entre si em todos os níveis espaciais inferiores e superiores.

econômica, entendida como economias externas de escala ou economias de aglomeração (efeitos econômicos sobre as empresas que derivam de fatores que lhes são externos e que têm relação com a concentração urbana).

temporal, entendida como organização cronológica e linear da sucessão de acontecimentos e conjunturas, que considera o tempo como contínuo e desconsidera as relações entre os acontecimentos e as conjunturas com o espaço geográfico.

geológica, que, através do estudo das rochas e dos fósseis, possibilita estabelecer uma divisão cronológica da evolução do planeta Terra (as eras geológicas).

Gabarito comentado

Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa B

Tema central: o enunciado discute o conceito de escala na Geografia, em especial a relação entre o local e o global e os níveis intermediários (regional, nacional etc.). Esse é um tópico clássico da geografia contemporânea sobre como fenômenos espaciais se organizam em diferentes níveis e interagem.

Resumo teórico: Em Geografia, escala geográfica refere‑se a uma hierarquia de níveis espaciais — local, regional, nacional, global — que são socialmente produzidos e interdependentes. Não é apenas uma medida cartográfica; é um conceito relacional e político que ajuda a entender como processos (econômicos, culturais, ambientais) se manifestam e se articulam em diferentes níveis. Autores como Marston et al. (2005) e Swyngedouw discutem a produção social da escala e a dinâmica entre níveis.

Justificativa da alternativa B: A alternativa B descreve exatamente a escala geográfica — hierarquia de níveis e âmbitos onde ocorrem dinâmicas territoriais próprias e interações entre níveis inferiores e superiores — concordando com a ideia de dialética local/global do enunciado. Portanto, é a opção correta.

Análise das demais alternativas:
A: refere‑se à escala cartográfica (relação numérica entre mapa e terreno). Embora seja um uso legítimo de “escala”, não casa com a ideia de níveis locais/regionais/globais do texto.
C: trata de economias de escala e aglomeração — conceito econômico/urbano específico, não do uso espacial hierárquico discutido.
D: fala em escala temporal, ou organização cronológica — distinta do sentido espacial abordado.
E: refere‑se à escala geológica (eras, fósseis) — claramente inadequada ao contexto do enunciado.

Estratégias para prova: ao ler o enunciado, sublinhe palavras‑chave (aqui: “local”, “global”, “estados intermediários”, “regional”, “nacional”). Compare essas pistas com as definições das alternativas e elimine rapidamente opções que tratem de cartografia, tempo, economia ou geologia quando o foco for hierarquia espacial.

Fontes sugeridas: Font & Ruffí (2006, citado no enunciado); Marston et al. (2005) — debates sobre escala em geografia; artigos de Swyngedouw sobre produção social da escala.

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