Algumas pessoas, ao entrarem em contato com o vírus
HIV, não manifestam multiplicação viral. Isto é
explicado pela deleção de nucleotídeos em uma das
formas alélicas do gene CCR5, que codifica um
receptor viral em células humanas. Tal fenômeno é
mais comum em algumas regiões da Europa, que já
conviveram no passado com a varíola e a peste
bubônica. Considerando o exposto, é possível afirmar
que a maior frequência desse alelo do gene CCR5 em
europeus se deve:
Gabarito comentado
Resposta correta: A — seleção natural
Tema central: variação genética e mudança de frequência alélica em populações. A questão explora por que o alelo CCR5-Δ32 (deleção que reduz entrada do HIV) é mais comum em europeus, relacionando histórico de doenças (varíola/peste) e alteração na frequência desse alelo.
Resumo teórico: Seleção natural é o processo em que variantes genéticas que conferem vantagem reprodutiva aumentam em frequência ao longo de gerações. A presença de patógenos que causam alta mortalidade pode favorecer alelos que conferem resistência, elevando sua frequência regionalmente (ver: Campbell Biology; Futuyma, Evolution). Estudos específicos sobre CCR5-Δ32 apontam que epidemias históricas podem ter promovido esse aumento (p.ex. Galvani & Slatkin, Nature 2003).
Por que a alternativa A é a correta: o enunciado relaciona diretamente a maior frequência do alelo a um contexto histórico de doenças (varíola/peste). Isso caracteriza vantagem seletiva — indivíduos com o alelo teriam maior sobrevivência/reprodução durante epidemias, fazendo o alelo crescer na população por seleção direcional.
Análise das alternativas incorretas:
B — mutação: a mutação originou o alelo, mas por si só não explica por que hoje ele é mais frequente em europeus; mutação fornece variação inicial, não aumento regional consistente.
C — migração: gene flow explicaria entrada do alelo de outra população, mas o enunciado liga a frequência ao passado epidemiológico local — migração não justifica a associação com epidemias regionais.
D — deriva genética: é processo aleatório que pode alterar frequências, especialmente em populações pequenas. Porém, a presença consistente de alta frequência ligada a vantagem frente a doenças é melhor explicada por seleção, não por acaso.
E — isolamento geográfico: pode manter diferenças entre populações, mas não explica por que especificamente o alelo aumentou; isolamento impede mistura, mas não gera vantagem seletiva que elevasse sua frequência.
Dica de interpretação: ao ver ligação entre traço genético e evento seletivo (epidemia/história), priorize seleção natural. Separe origem do alelo (mutação) do processo que altera sua frequência (seleção, deriva, migração, isolamento).
Fontes/leituras sugeridas: Campbell Biology; Futuyma, Evolution; Galvani & Slatkin, Nature (2003) sobre CCR5-Δ32.
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