No início da década de 1950, o vírus que causa a doença chamada de mixomatose foi introduzido na Austrália
para controlar a população de coelhos, que se tornara uma praga. Poucos anos depois da introdução do vírus, a
população de coelhos reduziu-se drasticamente. Após 1955, a doença passou a se manifestar de forma mais
branda nos animais infectados e a mortalidade diminuiu. Considere as explicações para esse fato descritas nos
itens de I a IV:
I. O vírus promoveu a seleção de coelhos mais resistentes à infecção, os quais deixaram maior
número de descendentes.
II. Linhagens virais que determinavam a morte muito rápida dos coelhos tenderam a se extinguir.
III. A necessidade de adaptação dos coelhos à presença do vírus provocou mutações que lhes
conferiram resistência.
IV. O vírus induziu a produção de anticorpos que foram transmitidos pelos coelhos à prole,
conferindo-lhe maior resistência com o passar das gerações.
Estão de acordo com a teoria da evolução por seleção natural apenas as explicações:
Gabarito comentado
Resposta correta: A - I e II
Tema central: seleção natural e evolução das populações diante de um agente patogênico. A questão exige identificar explicações compatíveis com a teoria evolutiva: variação hereditária + sucesso reprodutivo diferencial levam a mudanças na frequência de características na população (Darwin; síntese moderna).
Resumo teórico (claro e progressivo):
1) Variação hereditária existe entre indivíduos (alguns coelhos eram mais resistentes).
2) Indivíduos com características vantajosas deixam mais descendentes — aumento da frequência desses traços.
3) Pressões seletivas atuam tanto sobre hospedeiros (resistência) quanto sobre patógenos (virulência que favoreça transmissão).
Fontes: Darwin (1859); Dobzhansky e a Síntese Moderna; Campbell & Reece, Biologia (cap. Evolução).
Por que I e II estão corretas:
I. Seleção de coelhos mais resistentes: coerente com seleção natural — resistentes sobrevivem e reproduzem mais, aumentando a resistência média da população ao longo de gerações.
II. Linhagens virais muito letais tendem a extinguir-se porque matam o hospedeiro antes de transmitir eficientemente. Assim, variantes menos letais e que permitem maior transmissão tornam-se predominantes — explicação clássica para redução de virulência.
Análise das alternativas incorretas:
III. “Necessidade provoca mutações” é uma ideia Lamarckiana; mutações são essencialmente aleatórias em relação à direção adaptativa. A seleção filtra variantes já existentes, não cria mutações direcionadas.
IV. Anticorpos adquiridos não alteram o genoma dos progenitores e, portanto, não são transmitidos geneticamente às gerações seguintes (exceção: transferência passiva materna é temporária, não evolução). Logo, não explica mudança genética populacional.
Estratégias para provas:
- Procure palavras-chave: “herdável”, “descendentes”, “diferença de sobrevivência”.
- Desconfie de explicações que implicam transmissão de características adquiridas ou mutações dirigidas.
- Para virulência, lembre-se: sucesso do patógeno = transmissão, não necessariamente máxima letalidade.
Dica final: valide sempre se a explicação envolve variação genética + vantagem reprodutiva. Se faltar um desses, a alternativa não segue a seleção natural.
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