“O capitalismo é uma religião de mero culto, sem dogma. O capitalismo desenvolveu-se no Ocidente como um parasita no cristianismo – não apenas no calvinismo, mas também como deve ser mostrado, nas várias correntes cristãs ortodoxas – de tal maneira que, no final, a história do cristianismo é essencialmente a de seu parasita, o capitalismo”.

BENJAMIN, Walter. O capitalismo como religião. Adaptado de uma conferência de Michael Löwy na USP no dia 29 de setembro. Trad. GONÇALVES L. R. M. In: Folha de S.Paulo, Caderno Mais, domingo, 18 de setembro de 2005.

    

    Segundo Walter Benjamin, o capitalismo não representa apenas, como propõe Max Weber, uma forma de secularização da fé protestante, mas também seria ele próprio uma espécie de culto religioso, que se desenvolve de modo parasitário a partir do cristianismo e acaba por substituí-lo.

    De acordo com os posicionamentos acima, o capitalismo apresenta as seguintes características, EXCETO,

Alternativa correta: D

Tema central: trata-se da ideia de capitalismo como religião (Walter Benjamin) em diálogo com a tese de Max Weber sobre a secularização da ética protestante. É preciso identificar qual afirmação não se enquadra nessa interpretação crítica: observe que o enunciado pede a alternativa EXCETO.

Resumo teórico rápido: Weber associou a ética calvinista ao espírito capitalista (disciplina, racionalidade, aversão ao luxo). Benjamin amplia: o capitalismo funciona como um culto — rituais diários (mercados, trabalho), sacralização do dinheiro e criação de angústia/culpa, mas sem oferecer verdadeira redenção religiosa. Fontes úteis: Max Weber, "A ética protestante e o espírito do capitalismo"; Walter Benjamin, "O capitalismo como religião".

Por que D é a correta (EXCETO)? A alternativa D afirma que o "Deus‑Mercado concede a todos da mesma forma igualdade de condições e oportunidades" e que premia com "felicidade e êxtase permanente". Isso contradiz tanto a crítica benjaminiana quanto análises socioeconômicas: o capitalismo não garante igualdade de condições — pelo contrário, produz desigualdade estrutural, competição e frustrações. A promessa de felicidade universal é ideológica e falsa; portanto essa é a opção que não corresponde às características apontadas.

Análise das incorretas (por que A, B e C estão corretas segundo o texto):

A: Afirma a sacralização do dinheiro como objeto de culto — corresponde à metáfora de Benjamin sobre o capitalismo como religião cultual. Correta no contexto.

B: Descreve o culto permanente (bolsas, fábricas) e a angústia gerada pelas flutuações e condições de trabalho — está alinhada com a ideia de rituais cotidianos e ansiedade capitalista.

C: Indica que o culto não expia culpa e cria dívida/culpa permanente — coerente com a crítica de que o capitalismo gera endividamento e falta de redenção social.

Dica de prova (estratégia): ao ver "EXCETO", busque a alternativa que contradiz o núcleo teórico. Cuidado com afirmações absolutas como "a todos da mesma forma" ou "êxtase permanente" — costumam ser armadilhas em questões de ciências humanas.

Referências essenciais: Max Weber, A ética protestante e o espírito do capitalismo; Walter Benjamin, "The Capitalist System as Religion" / adaptações e comentários (p. ex. Michael Löwy).

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