Bactéria pode atuar como “vacina” para dengue
Pesquisadores anunciaram que a bactéria Wolbachia
pipientis pode atuar como uma “vacina” para o Aedes aegypti,
bloqueando a multiplicação do vírus dentro do inseto. “Quando
inoculamos a bactéria no Aedes aegypti, ficamos surpresos ao
ver que ela, além de diminuir o tempo de vida do mosquito,
também fazia com que o vírus não se desenvolvesse”. A
Wolbachia pipientis só pode ser transmitida verticalmente (de
mãe para filho), por meio do ovo da fêmea do mosquito. Fêmeas
com Wolbachia pipientis sempre geram filhotes com a bactéria
no processo de reprodução. “Por isso, uma vez estabelecido
o método em campo, os mosquitos continuam a transmitir a
bactéria naturalmente para seus descendentes”, disseram os
pesquisadores.
(www.jb.com.br. Adaptado.)
De acordo com a notícia, conclui-se corretamente que
Gabarito comentado
Resposta correta: B
Tema central: interação entre um endossimbionte (Wolbachia pipientis) e seu hospedeiro (Aedes aegypti) e as consequências para a transmissão da dengue. Conhecimentos chave: transmissão vertical (herança citoplasmática), competência vetorial e controle biológico de vetores.
Resumo teórico: Wolbachia é uma bactéria intracelular que infecta muitos insetos; transmite‑se principalmente pela mãe através do ovo (herança citoplasmática). Em Aedes aegypti, certas linhagens de Wolbachia reduzem a capacidade do vírus da dengue de se multiplicar no mosquito e podem diminuir a longevidade do vetor. Por isso, quando fêmeas infectadas se estabelecem na população, a bactéria tende a persistir e reduzir o número de mosquitos capazes de transmitir o vírus (ver Hoffmann et al., Nature, 2011; World Mosquito Program; WHO sobre controle vetorial).
Justificativa da alternativa B: A alternativa afirma que a infecção humana por dengue pode diminuir se houver mais Aedes infectados por Wolbachia no ambiente. Isso é exatamente a implicação lógica do texto: Wolbachia bloqueia o desenvolvimento do vírus no mosquito e é transmitida de mãe para filho, permitindo que a bactéria se espalhe pela população de mosquitos — portanto a probabilidade de transmissão à população humana tende a diminuir. A redação usa "pode diminuir", que é cautelosa e correta cientificamente.
Análise das alternativas incorretas:
A — Errada: mistura conceitos. Machos não picam humanos, logo não transmitem o vírus por picada. Além disso, Wolbachia não é transmitida por todos os machos aos descendentes; a transmissão materna ocorre via ovo.
C — Errada: confunde efeito no vetor com efeito no paciente. Wolbachia reduz a competência do mosquito, diminuindo a chance de infecção humana, mas não altera os sintomas de quem já foi infectado — não é intervenção clínica sobre o paciente.
D — Errada: sugere vacinar pessoas com Wolbachia — incorreto biologicamente. Wolbachia é um simbionte de insetos, não uma vacina humana; o método é liberar mosquitos infectados para reduzir transmissão, não vacinar pessoas com a bactéria.
E — Errada: afirma que a resistência é geneticamente determinada pelos mosquitos. A resistência citada advém da presença da bactéria transmitida citoplasmaticamente (herança materna), não de um alelo nuclear mendeliano — são mecanismos diferentes.
Dica de prova: procure palavras que indicam consequência direta do texto ("bloqueando a multiplicação", "transmitida verticalmente") e atenção a quem transmite a doença (só fêmeas picam). Elimine alternativas que extrapolam efeitos ou confundem níveis (mosquito × paciente × vacina humana).
Fontes sugeridas: Hoffmann et al., Nature (2011); World Mosquito Program; WHO — materiais sobre Wolbachia e controle de Aedes.
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