Questão 87726346-b4
Prova:UEFS 2011
Disciplina:Geografia
Assunto:Geografia Política

Acerca das tendências da organização geopolítica brasileira, é correto afirmar:

A
O país registra inúmeros casos de controle pelas elites nacionais, como ocorreu com a construção de Brasília, em meados do século passado.
B
O equilíbrio nas características socioeconômicas das regiões brasileiras, seu desenvolvimento sustentável e a ausência de conflitos no campo, configuram atualmente o cenário geopolítico brasileiro.
C
O Brasil, em grande parte dos anos sessenta, setenta e oitenta do século passado, teve seu território controlado pelas classes populares.
D
O espaço geográfico dos países centrais é organizado considerando-se os cursos fluviais, e, por essa razão, não se permite a ocupação desse espaço ao longo dos cursos dos rios.
E
O país, nas últimas décadas, tem estendido sua influência ao espaço africano, onde desenvolve os maiores programas de exploração de petróleo, construção de portos e de sistemas rodo-ferroviários, interligando os principais países desse continente.

Gabarito comentado

J
Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: organização geopolítica do Brasil — como forças sociais (elites políticas e econômicas, Estado, movimentos sociais) controlam e moldam o território. Entender isso exige noções de geopolítica, produção do espaço e história das políticas públicas (ex.: construção de Brasília).

Resumo teórico: A produção do espaço é resultado de decisões políticas e econômicas: elites e Estado muitas vezes promovem projetos que reorganizam o território segundo interesses estratégicos (infraestrutura, controle político, integração econômica). Autores úteis: Milton Santos (A Natureza do Espaço) e Henri Lefebvre (The Production of Space) explicam como poder e técnica orientam a ocupação e a forma urbana.

Justificativa da alternativa A: A afirmação refere-se ao controle de elites sobre grandes projetos territoriais. Brasília (construída na década de 1950 sob JK, com plano de Lúcio Costa e arquitetura de Oscar Niemeyer) é exemplo clássico de intervenção estatal top‑down: escolha da nova capital como instrumento político‑estratégico e símbolo modernizador, com forte participação de elites políticas e técnicas na tomada de decisão, sem ampla participação popular. Esse caráter elitista e planejador é tema recorrente em análises de geopolítica brasileira.

Análise das alternativas incorretas:

B: Inválida — o Brasil não apresenta equilíbrio socioeconômico regional nem ausência de conflitos no campo; persistem desigualdades regionais e conflitos agrários (latifúndio vs. reforma agrária).

C: Inválida — nos anos 1960–80 o controle territorial esteve largamente nas mãos do Estado e das elites (inclusive sob regime militar), não das classes populares.

D: Inválida e conceitualmente confusa — países centrais organizam seus espaços por múltiplos fatores (economia, infraestrutura, redes), e a ocupação ao longo de rios não é geralmente proibida; historicamente rios foram e são eixos de ocupação e transporte.

E: Parcial e exagerada — o Brasil ampliou presença diplomática e investimentos na África (energia, infraestrutura) recentemente, mas não promoveu os “maiores programas” de exploração e interligação rodoviária/ferroviária do continente; afirmação generaliza e supera a realidade.

Dica de prova: Procure palavras-chave (controle pelas elites; exemplo concreto: Brasília). Confronte alternativas com fatos históricos e com conceitos de geografia política (produção do espaço, atores sociais). Desconfie de afirmações absolutas ou generalizações sem respaldo empírico.

Fontes sugeridas: Milton Santos, A Natureza do Espaço; Henri Lefebvre, The Production of Space; estudos sobre Brasília e Plano de Metas (anos 1950).

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