A urbanização é um fenômeno global com profundos
efeitos na ecologia e na evolução dos organismos. Esse
processo é conhecido como evolução urbana e foi
constatado no mosquito Culex molestus. Amostras de
larvas do mosquito foram coletadas em estações de metrô
de Londres (Central, Bakerloo e Victoria) e levadas ao
laboratório para criação e posterior análise genética. Os
resultados mostraram que os mosquitos originados das
larvas coletadas nas três estações eram geneticamente
distintos e também apresentavam diferenças
comportamentais, quando comparados aos exemplares
que viviam nas ruas. Enquanto os mosquitos das estações
do metrô se alimentavam de sangue humano e eram ativos
o ano inteiro, os mosquitos das ruas se alimentavam do
sangue de pássaros e hibernavam.
(Menno Schilthuizen, Darwin Comes to Town: How the Urban Jungle
Drives Evolution. London: Quercus, 2018, p. 352.)
Considerando o texto acima, assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: evolução urbana — como mudanças ambientais provocadas pela urbanização geram seleção natural e diferenciação genética/comportamental em populações (aqui, Culex molestus).
Resumo teórico: A seleção natural atua quando variações hereditárias conferem maior aptidão em um ambiente. Em ambientes urbanos (temperatura estável, disponibilidades alimentares novas, isolamento relativo), pressões seletivas diferentes das áreas rurais podem favorecer fenótipos distintos, gerando adaptação e, com o tempo, diferenciação genética entre populações (evolução local). Casos documentados mostram que esse processo pode ser rápido.
Justificativa da alternativa C: A alternativa afirma que as condições nas estações de metrô favoreceram seleção natural em Culex, levando à evolução urbana — isso concorda com o relato: populações geneticamente distintas e com hábitos distintos (alimentação humana e atividade anual versus alimentação de aves e hibernação). Essas diferenças são exatamente o que se espera quando o ambiente urbano impõe novas pressões seletivas que alteram frequências alélicas e traços fenotípicos. Fonte adicional: Menno Schilthuizen, Darwin Comes to Town (2018) e princípios de evolução (Darwin; textos de síntese como Futuyma ou Ridley explicam seleção e diferenciação local).
Análise das alternativas incorretas:
A — Afirmação muito específica e causativa: diz que “proteínas nas antenas induzissem resposta ao odor humano”. O estudo citado não fornece essa explicação molecular direta; pode haver alterações em receptores olfativos, mas a frase é especulativa e tecnicamente imprecisa (confunde níveis: fenótipo comportamental ≠ descrição detalhada de proteínas sem evidência).
B — Diz que genes do relógio biológico são expressos igualmente nas duas populações. Isso contradiz a observação comportamental: mosquitos do metrô são ativos o ano inteiro enquanto os urbanos hibernam — sugerindo diferenças em regulação/allelos relacionados a ritmos sazonais. Portanto, a igualdade de expressão não é compatível com os dados.
D — Afirmar que seleção natural é sempre lenta é um equívoco. Em muitos casos (inclusive em ambientes urbanos), a seleção pode produzir mudanças rapidamente, em poucas gerações. A alternativa exagera e usa essa ideia para justificar diferenças; mas a rapidez não invalida a seleção como causa, logo a frase é falsa como generalização.
Estratégia de prova: Prefira alternativas que conectem evidência observacional (diferenças genéticas e comportamentais) com processos evolutivos plausíveis (seleção natural). Desconfie de frases excessivamente específicas sem respaldo (molecular) ou de generalizações absolutas ("sempre", "igualmente").
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