“Ao se fazer uma análise da problemática
nordestina se constata a pobreza da maioria de
sua população, se é levado a fazer perguntas: Por
que uma região rica está sendo habitada por uma
população tão pobre? Quais as causas
fundamentais desta pobreza: a tirania de
condições naturais desfavoráveis ou a inércia e
incapacidade de suas elites? Qual o papel
desempenhado ou por desempenhar dos seus
governantes? (...) Finalmente, o que fazer? Como
fazer? E para que fazer?”.
ANDRADE, Manuel Correia. O Nordeste
e a Questão Regional – 2.ed - São
Paulo: Ática, 1993.
A análise do texto coloca em discussão a situação
de atraso e pobreza do Nordeste brasileiro
questionando suas causas.
Assinale, dentre as alternativas propostas, aquela
que melhor configura esta problemática na região
nordeste do Brasil.
Gabarito comentado
Resposta correta: A
Tema central: a questão trata das causas da pobreza e do atraso no Nordeste brasileiro, avaliando se são decorrentes de fatores naturais (físico‑ambientais) ou de determinantes sociais, econômicos e políticos. Esse é um tópico clássico da Geografia Econômica e Regional aplicado a políticas públicas e desenvolvimento regional.
Resumo teórico (sintético): a explicação predominante na literatura aponta para causas estruturais — histórica concentração fundiária, economia exportadora, fraca industrialização, déficits em educação e infraestrutura, ação limitada do Estado e relações de poder locais — como determinantes do subdesenvolvimento regional. Fatores ambientais (como secas) agravam a vulnerabilidade, mas não explicam por si só a persistência da pobreza. Fontes: Manuel Correia Andrade; IBGE; Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD/IBGE/FGV).
Por que a alternativa A é correta: ela reconhece que os déficits em educação, economia e infraestrutura têm caráter sobretudo social e político, ou seja, resultados de arranjos históricos e decisões institucionais, mais do que determinismos naturais. Esse raciocínio está alinhado à interpretação acadêmica contemporânea e às evidências empíricas (desigualdades internas ao Nordeste; pólos de desenvolvimento costeiros vs. áreas internas pobres).
Análise das alternativas incorretas:
B — incorreta: mistura desenvolvimento de infraestrutura com “controle da precipitação” como causa de comprometimento agrícola. Não há mecanismo científico plausível que ligue portos/indústria ao controle da chuva na escala regional como causa principal da queda da produção agrícola.
C — incorreta: afirma que a maioria ainda vive no campo. Dados do IBGE mostram que o Nordeste é majoritariamente urbano há décadas; além disso, atribui a pobreza majoritariamente às limitações hidroclimáticas, ignorando fatores estruturais.
D — incorreta: reconhece migração campo–cidade, mas afirma que isso igualou indicadores socioeconômicos ao Sudeste — afirmação falsa. A migração urbana nordestina gerou metropolização e problemas sociais, mas não equiparou níveis de desenvolvimento aos do Sudeste.
Dica de prova: procure termos absolutos ou causalidades simplistas (ex.: “principalmente por…”; “provoca… diretamente”). Em questões sobre região e desenvolvimento, privilegie alternativas que considerem fatores históricos, institucionais e estruturais, não apenas condicionantes naturais.
Fontes sugeridas para aprofundar: Manuel Correia Andrade, O Nordeste e a Questão Regional; publicações do IBGE; Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD/IBGE/FGV).
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