No admirável mundo novo das oportunidades fugazes e das seguranças frágeis, a sabedoria popular foi rápida em perceber os novos requisitos. Em 1994, um cartaz espalhado pelas ruas de Berlim ridicularizava a lealdade a estruturas que não eram mais capazes de conter as realidades do mundo: “Seu Cristo é judeu. Seu carro é japonês. Sua pizza é italiana. Sua democracia, grega. Seu café, brasileiro. Seu feriado, turco. Seus algarismos, arábicos. Suas letras, latinas. Só o seu vizinho é estrangeiro”.

A alteração de valores culturais em diversas sociedades é um dos efeitos da globalização da economia.

O cartaz citado no texto ironiza uma referência cultural que pode ser associada ao conceito de:

Resposta correta: Alternativa B — Nacionalismo

Tema central: A questão trata da relação entre globalização cultural e reações identitárias. O cartaz ironiza como produtos e referências culturais vêm de múltiplas origens, mas a hostilidade recai sobre o "estrangeiro" vizinho — sinal típico de nacionalismo e da defesa de fronteiras imaginárias da nação.

Resumo teórico (claro e progressivo): Nacionalismo é uma ideologia que valoriza a nação como principal referência política e cultural, podendo gerar exclusão de quem é considerado "outro". Na globalização, fluxos econômicos e culturais expõem contradições: bens e símbolos circulam transnacionalmente, enquanto discursos nacionais buscam identidades estáveis (ver Gellner, “Nations and Nationalism”; Castells, “The Rise of the Network Society”).

Por que a alternativa B é correta: O cartaz ironiza a contradição entre a origem cosmopolita das coisas e a mentalidade que insiste em identificar e rejeitar o estrangeiro. Isso evidencia a crítica ao sentimento nacionalista que insiste em fronteiras culturais e em exclusão do outro — exatamente o alvo do conceito de nacionalismo.

Análise das alternativas incorretas:

A — Localismo: Refere-se a preferência ou prioridade pelo local/municipal; não capta a ideia de defesa da unidade nacional nem a hostilidade ao estrangeiro presente no cartaz.

C — Regionalismo: Relaciona-se à valorização de uma região (subnacional) e reivindicações político-administrativas locais; também não explica a ironia sobre "nacionalidade" dos bens e a xenofobia dirigida ao vizinho.

D — Eurocentrismo: Consiste em centrar a interpretação histórica/cultural na Europa. O cartaz cita muitas origens não europeias (japonês, brasileiro, turco, árabe), então não há ênfase eurocêntrica — ao contrário, aponta a diversidade global.

Dica de interpretação para concursos: Procure palavras-chave do enunciado que revelem atitude (ex.: “lealdade”, “vizinhos”, “estrangeiro”, “ironiza”). Relacione-as ao conceito político/cultural mais amplo. Descarte alternativas com alcance diferente (local vs. nacional vs. regional vs. civilizacional).

Fontes indicadas: Ernest Gellner, "Nations and Nationalism"; Manuel Castells, "The Rise of the Network Society"; Arjun Appadurai, "Modernity at Large" — para aprofundamento sobre globalização cultural.

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