Questão 7da1c37e-b6
Prova:UFVJM-MG 2017
Disciplina:Geografia
Assunto:Cartografia

“Os cosmógrafos que elaboravam mapas do mundo em meados do século XVI encontravam dificuldades para evitar uma tomada de posição sobre as versões cada vez mais contestadas da Criação cristã, e alguns (...) enfrentaram acusações de heresia feitas por autoridades religiosas que estavam dispostas a controlar quem oferecesse um ponto de vista geográfico sobre como era o mundo, e por implicação, que tipo de Deus o criara”.

Fonte: BROTON, J. Uma história do mundo em doze mapas. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.p. 246.

No trecho acima, o autor aponta um dado importante sobre a produção do conhecimento geográfico no séc XVI. Tal reflexão indica que o trabalho de elaboração de mapas estava:

A
limitado por crendices e superstições.
B
submetido aos ditames da classe dominante.
C
baseado nos conhecimentos do senso comum.
D
pressionado por formas de conhecimento conflitantes.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D

Tema central: o enunciado trata da relação entre a produção cartográfica no século XVI e as tensões entre diferentes formas de conhecimento — em particular, entre a tradição religiosa (interpretações da Criação) e as novas observações geográficas. Entender esse conflito histórico é essencial para interpretar a alternativa correta.

Resumo teórico (sintético): no início da modernidade, mapas não eram só instrumentos técnicos: expressavam visões do mundo e implicavam decisões sobre autoridade epistemológica. Cartógrafos enfrentavam pressões da Igreja e de outros agentes que defendiam leituras tradicionais da Bíblia; quando mapas ou teorias — por exemplo, novas interpretações sobre a cronologia ou a extensão do mundo — entravam em confronto com dogmas, podiam gerar acusações de heresia. Fontes recomendadas: Brotton, J. (A History of the World in Twelve Maps, 2014) e a coletânea clássica Harley & Woodward (The History of Cartography).

Justificativa da alternativa D: o trecho menciona explicitamente “versões cada vez mais contestadas da Criação” e “acusações de heresia feitas por autoridades religiosas” que queriam controlar “quem oferecesse um ponto de vista geográfico”. Isso indica claramente que o trabalho cartográfico era pressionado por formas de conhecimento conflitantes — ou seja, havia conflito entre conhecimento científico/observacional e interpretações religiosas, tornando D a opção que melhor sintetiza a ideia do texto.

Análise das demais alternativas:

A — limitado por crendices e superstições. Incorreta. É uma visão simplista e pejorativa: o texto fala de autoridades religiosas e disputas intelectuais sérias, não de meras “crendices”. O problema era disputa epistemológica, não apenas superstição.

B — submetido aos ditames da classe dominante. Parcialmente plausível, mas imprecisa. O enunciado realça o papel das autoridades religiosas específicas e do debate sobre a Criação, não uma generalização sobre “classe dominante”. A alternativa D é mais precisa quanto ao caráter conflitivo entre saberes.

C — baseado nos conhecimentos do senso comum. Errada. O texto destaca debate erudito e acusações de heresia — fenômenos opostos à ideia de conhecimento popular ou senso comum.

Dica de interpretação para provas: identifique as palavras-chave do enunciado (ex.: “contestadas”, “acusações de heresia”, “controlar quem oferecesse um ponto de vista”) e correlacione com o sentido das alternativas. Elimine opções genéricas ou pejorativas que não correspondem ao nível da disputa descrita.

Fonte principal citada: Brotton, J. A History of the World in Twelve Maps (2014); consultar também Harley & Woodward, The History of Cartography, para aprofundamento.

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