“Os cosmógrafos que elaboravam mapas do mundo em meados do século XVI encontravam dificuldades
para evitar uma tomada de posição sobre as versões cada vez mais contestadas da Criação cristã, e alguns
(...) enfrentaram acusações de heresia feitas por autoridades religiosas que estavam dispostas a controlar
quem oferecesse um ponto de vista geográfico sobre como era o mundo, e por implicação, que tipo de Deus
o criara”.
Fonte: BROTON, J. Uma história do mundo em doze mapas. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.p. 246.
No trecho acima, o autor aponta um dado importante sobre a produção do conhecimento geográfico no séc
XVI. Tal reflexão indica que o trabalho de elaboração de mapas estava:
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: o enunciado trata da relação entre a produção cartográfica no século XVI e as tensões entre diferentes formas de conhecimento — em particular, entre a tradição religiosa (interpretações da Criação) e as novas observações geográficas. Entender esse conflito histórico é essencial para interpretar a alternativa correta.
Resumo teórico (sintético): no início da modernidade, mapas não eram só instrumentos técnicos: expressavam visões do mundo e implicavam decisões sobre autoridade epistemológica. Cartógrafos enfrentavam pressões da Igreja e de outros agentes que defendiam leituras tradicionais da Bíblia; quando mapas ou teorias — por exemplo, novas interpretações sobre a cronologia ou a extensão do mundo — entravam em confronto com dogmas, podiam gerar acusações de heresia. Fontes recomendadas: Brotton, J. (A History of the World in Twelve Maps, 2014) e a coletânea clássica Harley & Woodward (The History of Cartography).
Justificativa da alternativa D: o trecho menciona explicitamente “versões cada vez mais contestadas da Criação” e “acusações de heresia feitas por autoridades religiosas” que queriam controlar “quem oferecesse um ponto de vista geográfico”. Isso indica claramente que o trabalho cartográfico era pressionado por formas de conhecimento conflitantes — ou seja, havia conflito entre conhecimento científico/observacional e interpretações religiosas, tornando D a opção que melhor sintetiza a ideia do texto.
Análise das demais alternativas:
A — limitado por crendices e superstições. Incorreta. É uma visão simplista e pejorativa: o texto fala de autoridades religiosas e disputas intelectuais sérias, não de meras “crendices”. O problema era disputa epistemológica, não apenas superstição.
B — submetido aos ditames da classe dominante. Parcialmente plausível, mas imprecisa. O enunciado realça o papel das autoridades religiosas específicas e do debate sobre a Criação, não uma generalização sobre “classe dominante”. A alternativa D é mais precisa quanto ao caráter conflitivo entre saberes.
C — baseado nos conhecimentos do senso comum. Errada. O texto destaca debate erudito e acusações de heresia — fenômenos opostos à ideia de conhecimento popular ou senso comum.
Dica de interpretação para provas: identifique as palavras-chave do enunciado (ex.: “contestadas”, “acusações de heresia”, “controlar quem oferecesse um ponto de vista”) e correlacione com o sentido das alternativas. Elimine opções genéricas ou pejorativas que não correspondem ao nível da disputa descrita.
Fonte principal citada: Brotton, J. A History of the World in Twelve Maps (2014); consultar também Harley & Woodward, The History of Cartography, para aprofundamento.
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