O texto de Machado de Assis (Texto 8) menciona
a presença de um cachorro, considerado por muitos o
melhor amigo do homem. Mamífero quadrúpede, o cão,
popularmente conhecido como cachorro, apresenta características
peculiares em relação aos seus sentidos, locomoção
e envelhecimento.
Assinale a alternativa correta em relação a esses
animais:
Assinale a alternativa correta em relação a esses animais:
TEXTO 8
CAPÍTULO XVIII
Rubião e o cachorro, entrando em casa, sentiram,
ouviram a pessoa e as vozes do finado amigo.
Enquanto o cachorro farejava por toda a parte,
Rubião foi sentar-se na cadeira, onde estivera quando
Quincas Borba referiu a morte da avó com explicações
científicas. A memória dele recompôs, ainda que
de embrulho e esgarçadamente, os argumentos do
filósofo. Pela primeira vez, atentou bem na alegoria
das tribos famintas e compreendeu a conclusão: “Ao
vencedor, as batatas!”. Ouviu distintamente a voz
roufenha do finado expor a situação das tribos, a luta
e a razão da luta, o extermínio de uma e a vitória da
outra, e murmurou baixinho:
— Ao vencedor, as batatas!
Tão simples! tão claro! Olhou para as calças de
brim surrado e o rodaque cerzido, e notou que até há
pouco fora, por assim dizer, um exterminado, uma
bolha; mas que ora não, era um vencedor. Não havia
dúvida; as batatas fizeram-se para a tribo que elimina
a outra a fim de transpor a montanha e ir às batatas
do outro lado. Justamente o seu caso. Ia descer de
Barbacena para arrancar e comer as batatas da capital.
Cumpria-lhe ser duro e implacável, era poderoso
e forte. E levantando-se de golpe, alvoroçado, ergueu
os braços exclamando:
— Ao vencedor, as batatas!
Gostava da fórmula, achava-a engenhosa, compendiosa
e eloquente, além de verdadeira e profunda.
Ideou as batatas em suas várias formas, classificou-as
pelo sabor, pelo aspecto, pelo poder nutritivo, fartou-
-se antemão do banquete da vida. Era tempo de acabar
com as raízes pobres e secas, que apenas enganavam
o estômago, triste comida de longos anos; agora
o farto, o sólido, o perpétuo, comer até morrer, e
morrer em colchas de seda, que é melhor que trapos.
E voltava à afirmação de ser duro e implacável, e à
fórmula da alegoria. Chegou a compor de cabeça um
sinete para seu uso, com este lema: AO VENCEDOR
AS BATATAS.
Esqueceu o projeto do sinete; mas a fórmula viveu
no espírito de Rubião, por alguns dias: — Ao vencedor
as batatas! Não a compreenderia antes do testamento;
ao contrário, vimos que a achou obscura e
sem explicação. Tão certo é que a paisagem depende
do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o
chicote é ter-lhe o cabo na mão.
(ASSIS, Machado de. Quincas Borba. São Paulo: Ática,
2011. p. 38-39.)
TEXTO 8
CAPÍTULO XVIII
Rubião e o cachorro, entrando em casa, sentiram, ouviram a pessoa e as vozes do finado amigo. Enquanto o cachorro farejava por toda a parte, Rubião foi sentar-se na cadeira, onde estivera quando Quincas Borba referiu a morte da avó com explicações científicas. A memória dele recompôs, ainda que de embrulho e esgarçadamente, os argumentos do filósofo. Pela primeira vez, atentou bem na alegoria das tribos famintas e compreendeu a conclusão: “Ao vencedor, as batatas!”. Ouviu distintamente a voz roufenha do finado expor a situação das tribos, a luta e a razão da luta, o extermínio de uma e a vitória da outra, e murmurou baixinho:
— Ao vencedor, as batatas!
Tão simples! tão claro! Olhou para as calças de brim surrado e o rodaque cerzido, e notou que até há pouco fora, por assim dizer, um exterminado, uma bolha; mas que ora não, era um vencedor. Não havia dúvida; as batatas fizeram-se para a tribo que elimina a outra a fim de transpor a montanha e ir às batatas do outro lado. Justamente o seu caso. Ia descer de Barbacena para arrancar e comer as batatas da capital. Cumpria-lhe ser duro e implacável, era poderoso e forte. E levantando-se de golpe, alvoroçado, ergueu os braços exclamando:
— Ao vencedor, as batatas!
Gostava da fórmula, achava-a engenhosa, compendiosa e eloquente, além de verdadeira e profunda. Ideou as batatas em suas várias formas, classificou-as pelo sabor, pelo aspecto, pelo poder nutritivo, fartou- -se antemão do banquete da vida. Era tempo de acabar com as raízes pobres e secas, que apenas enganavam o estômago, triste comida de longos anos; agora o farto, o sólido, o perpétuo, comer até morrer, e morrer em colchas de seda, que é melhor que trapos. E voltava à afirmação de ser duro e implacável, e à fórmula da alegoria. Chegou a compor de cabeça um sinete para seu uso, com este lema: AO VENCEDOR AS BATATAS.
Esqueceu o projeto do sinete; mas a fórmula viveu no espírito de Rubião, por alguns dias: — Ao vencedor as batatas! Não a compreenderia antes do testamento; ao contrário, vimos que a achou obscura e sem explicação. Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.
(ASSIS, Machado de. Quincas Borba. São Paulo: Ática,
2011. p. 38-39.)
Gabarito comentado
Resposta correta: Letra B
1) Tema central
A questão avalia conhecimentos sobre características biológicas do cão (Canis lupus familiaris): sentidos, locomoção e envelhecimento. Para responder é preciso lembrar princípios básicos de fisiologia sensorial, anatomia de mamíferos e diferenças no ciclo de vida entre espécies.
2) Resumo teórico (claro e progressivo)
Olfato: cães são macrosmáticos — possuem grande número de neurónios olfatórios e epitélio olfatório extenso, além de estruturas como o órgão de Jacobson bem desenvolvidas; isso torna o olfato o sentido dominante (The Merck Veterinary Manual; Campbell & Reece).
Visão: cães têm visão dicromática (duas classes de cones), menos capacidade de discriminar cores que humanos (tricromatas), maior proporção de bastonetes — melhor visão crepuscular/nocturna, porém menor acuidade visual e foco fino em comparação ao humano (Marieb; Campbell).
Sistema circulatório: mamíferos apresentam sistema circulatório fechado com coração de quatro cavidades (duas aurículas e dois ventrículos) — portanto três cavidades é incorreto.
Desenvolvimento e envelhecimento: cães têm ritmo de desenvolvimento e envelhecimento diferente do humano: maturidade sexual precoce, expectativas de vida muito menores e fases (filhote, juvenil, adulto, idoso) com tempo relativo distinto — não idênticos aos humanos (The Merck Veterinary Manual).
3) Justificativa da alternativa correta (B)
A alternativa B afirma que cães são macrosmáticos por apresentarem olfato bastante desenvolvido, sendo este seu principal sentido. Isso está de acordo com a anatomia e fisiologia olfatória dos canídeos: elevada sensibilidade e discriminação olfativa, uso comportamental intenso do olfato. Fontes: The Merck Veterinary Manual; Campbell & Reece, Biologia.
4) Por que as outras alternativas estão erradas
A — Incorreta: os cães não têm "total capacidade de diferenciação das cores" como humanos; são dicromatas e têm menor acuidade visual e foco.
C — Incorreta: mamíferos (incluindo cães) têm coração com quatro cavidades; três cavidades é característica geral de répteis e anfíbios (alguns apresentam variações).
D — Incorreta: estágios e tempos de desenvolvimento entre cães e humanos não são idênticos; cães alcançam a maturidade muito mais cedo e envelhecem em ritmo diferente (idade fisiológica vs. cronológica).
5) Estratégias para provas
- Procure palavras-chave (ex.: "macrosmáticos", "três cavidades").
- Relacione perguntas sobre “sentidos” a anatomia funcional (nº de cones/bastonetes, epitélio olfatório).
- Em questões comparativas entre espécies, cuide com generalizações: mamíferos compartilham certa anatomia, mas ritmos de vida variam.
- Elimine alternativas com afirmações contrárias a princípios anatômicos básicos (ex.: coração de mamífero = 4 cavidades).
Principais fontes consultadas: Campbell & Reece, Biologia; Marieb, Anatomia & Fisiologia; The Merck Veterinary Manual.
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