Nos hospitais, superbactérias, criadas em uma dieta de antibióticos estão em toda parte. Nos Estados Unidos, infecções hospitalares vitimam um paciente em cada 10, causam 90 mil mortes anuais e custam mais de 11 bilhões de dólares por ano. No Brasil, segundo a ANVISA, não temos dados estatísticos atualizados. Mas sabemos que mortes por infecções adquiridas em hospitais ocorrem diariamente em nosso país. (PENA, 2009).

A situação apresentada no texto e na imagem retrata a crescente resistência das bactérias aos antibióticos, o que representa um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Considerando argumentos neodarwinistas para explicar a resistência das bactérias aos antibióticos, identifique com V as proposições verdadeiras e com F, as falsas:

( ) Os mecanismos de mutação e recombinação gênica podem explicar a existência de variabilidade entre bactérias de uma espécie, com formas sensíveis e resistentes a antibióticos.

( ) Nos hospitais, determinado antibiótico pode atuar favorecendo a seleção natural, ao eliminar bactérias sensíveis e permitir que uma espécie geneticamente resistente a esse medicamento sobreviva no meio. 

( ) A exposição excessiva de bactérias hospitalares sensíveis a antibióticos promove a sua adaptação ao contato com o medicamento, condição que é transmitida para as futuras gerações de bactérias. 

( ) Bactérias resistentes a um antibiótico são mantidas no meio ambiente e proliferam, perpetuando essa condição.

A alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a

Alternativa correta: A — V V F V

Tema central: resistência bacteriana a antibióticos explicada pelo neodarwinismo — isto é, pela existência de variação genética (mutação, recombinação e transferência gênica), seguida de seleção natural que favorece genótipos resistentes.

Resumo teórico curto e progressivo: Mutação e recombinação (incluindo transferência horizontal: conjugação, transformação, transdução) geram variantes bacterianas. Quando um antibiótico é aplicado, indivíduos sensíveis morrem e os resistentes sobrevivem e se reproduzem — mudança na frequência gênica da população. Isso é seleção natural, não “adaptação” adquirida durante a vida do indivíduo (não-Lamarckiano). Fontes: WHO (Global Action Plan on AMR, 2015); CDC (Antibiotic Resistance Threats, 2019); livros de microbiologia (ex.: Prescott).

Análise das proposições (de cima para baixo):

1ª proposição — Verdadeira: Mutação e recombinação explicam variabilidade entre bactérias, originando formas sensíveis e resistentes. Justificativa: variação genética é pré-existente ou gerada aleatoriamente; algumas mutações conferem resistência.

2ª proposição — Verdadeira: O uso de um antibiótico seleciona naturalmente bactérias resistentes, eliminando as sensíveis. Isso é o cerne da seleção natural aplicada a microrganismos.

3ª proposição — Falsa: A frase sugere que a exposição excessiva causa adaptação no indivíduo que é depois herdada (Lamarckismo). Em bactérias, a resistência transmitida é genética (mutações/HGT) já existentes ou adquiridas por transferência, não “aprendida” durante a vida do microrganismo.

4ª proposição — Verdadeira: Bactérias resistentes podem persistir e proliferar no ambiente, mantendo e disseminando o traço de resistência — explicação de por que resistências se tornam prevalentes.

Por que as outras alternativas estão erradas: Cada alternativa representa uma sequência diferente de V/F. Como a sequência correta é V V F V, qualquer alternativa que altere qualquer posição (ex.: trocar a 2ª por F ou a 3ª por V) contradiz a explicação neodarwinista e/ou confunde seleção com herança de caracteres adquiridos.

Dicas para interpretar enunciados de concursos: procure palavras que indiquem processo populacional (seleção, frequência gênica) vs. processo individual (adaptação adquirida); desconfie de afirmações estilo “o organismo se adapta e transmite essa mudança adquirida” — frequentemente é pegadinha baseada em Lamarck.

Fontes resumidas: WHO Global Action Plan on AMR (2015); CDC — Antibiotic Resistance Threats (2019); Prescott et al., Microbiology.

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