No início do século XX, os médicos brasileiros
começaram a alarmar-se com os índices crescentes
da mortalidade infantil no Brasil. Atente ao que se
diz acerca das causas desse fenômeno.
I. O desinteresse e a negligência do Estado pela
situação das crianças abandonadas, bem como
as péssimas condições de higiene nas
instituições assistenciais contribuíam para o
agravamento da situação.
II. A hereditariedade patológica, a ignorância e a
pobreza eram os maiores fatores de
mortalidade infantil, segundo o discurso
médico.
III. As famílias mal constituídas, desequilibradas,
formadas por pais bêbados e de moral
duvidosa poderiam dar origem aos problemas
infantis que evoluiriam para a morte.
É correto o que se afirma em
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — I, II e III.
Tema central: mortalidade infantil no Brasil no início do século XX e as explicações dadas pelo discurso médico-social da época. Esse conteúdo exige compreensão de como a medicina e a sociedade interpretavam causas (biológicas, sociais e morais) e do contexto das políticas públicas e das instituições assistenciais.
Resumo teórico: No período, os médicos combinaram explicações diversas: fatores sanitários e institucionais (higiene precária, abandono, negligência do Estado); determinismos biológicos (hereditariedade patológica) e interpretações morais e sociais (pobreza, ignorância, comportamento familiar). Ou seja, havia um discurso híbrido que misturava ciência, moralidade e responsabilidade estatal.
Por que C é correta: Todas as três afirmações refletem aspectos documentados do discurso médico da época.
- I: médicos denunciavam a negligência estatal e as péssimas condições nas instituições, agravando a mortalidade.
- II: era comum atribuir mortes a hereditariedade, ignorância e pobreza — explicações que mesclavam fatores biológicos e sociais.
- III: interpretações moralistas sobre "famílias mal constituídas" também faziam parte do debate, responsabilizando o ambiente familiar pela vulnerabilidade infantil.
Análise das alternativas incorretas:
- A (I e II apenas): exclui III, mas ignora o papel do discurso moralizante sobre a família, presente nas análises médicas da época.
- B (I e III apenas): exclui II, deixando de fora a forte ênfase em hereditariedade, pobreza e ignorância como causas frequentemente citadas.
- D (II e III apenas): exclui I, desconsiderando a crítica médica à negligência estatal e às condições das instituições, elemento importante nas explicações da mortalidade infantil.
Dica de prova: procure termos que indiquem o âmbito do discurso (por ex., "segundo o discurso médico") e identifique se as alternativas cobrem todas as vertentes históricas mencionadas — sanitária, biológica e moral. Desconfie de alternativas que deixem de fora um desses aspectos quando o enunciado remeta ao complexo discurso da época.
Fontes de referência recomendadas: estudos sobre história da saúde pública no Brasil e relatórios da época; para contexto sobre indicadores, Organização Mundial da Saúde (OMS) e literatura de história da medicina (ver autores especializados em saúde pública brasileira).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






