Questão 4f4ad0b7-fa
Prova:UPE 2016
Disciplina:Biologia
Assunto:Hereditariedade e diversidade da vida

Leia o texto a seguir:

Atualmente, o gene considerado como o mais confiável para discriminar se um atleta tem mais força ou resistência é o ACTN3, apelidado gene da velocidade. Localizado no cromossomo 11, o ACTN3 é responsável pela produção da proteína alfa actinina 3, ativada exclusivamente em fibras musculares de contração rápida. Uma alteração em uma única base nitrogenada faz que esse gene possa apresentar duas formas na população humana: a versão “normal”, funcional, denominada R, que produz alfa actinina 3; e a variante alterada, chamada X, em que a tal proteína não é sintetizada. O gene ACTN3 assim como a eritropoietina (EPO), hormônio do crescimento humano (hGH), inibidor de genes da miostatina, endorfina, encefalina, leptina, dentre outros, são possíveis alvos primários do doping genético em humanos, por meio de terapia gênica in vivo, na qual o processo de transgenia ocorre dentro do indivíduo, ou ex vivo, no qual parte do engenheiramento genético ocorre fora do corpo, e parte, dentro.


Fontes: disponível em: e BAIRROS, A. V.; PREVEDELLO, A. A.; MORAES, L. L. S. Doping genético e possíveis metodologias de detecção. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v.33, n.4, p.1055-1069, out./dez. 2011. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32892011000400017>


Sobre ele, é CORRETO afirmar que

A
corredores de longa distância tendem a possuir, ao menos, uma cópia da variante R, a forma funcional, do gene ACTN3. A menor quantidade da proteína melhoraria o desempenho dos atletas em tarefas que dependem da ação das fibras rápidas.
B
corredores velocistas precisam ser resistentes ao cansaço e tendem a ser XX quanto ao gene ACTN3. A ausência parcial da proteína levaria o organismo a se adaptar melhor a exercícios de longa duração que retiram energia do consumo de oxigênio.
C
o doping genético é considerado o uso terapêutico de células, genes e elementos gênicos que venham a aumentar o desempenho físico do atleta por meio de substâncias químicas e fármacos.
D
o doping genético ex vivo envolve a transferência de genes para células em meio de cultura e reintrodução para o tecido-alvo do atleta, o que aumentaria a expressão de hormônios e outras substâncias bioquímicas, trazendo melhoria ao seu desempenho físico.
E
o princípio da terapia gênica in vivo consiste na transferência de proteínas e lipídeos para células-alvo por meio de pílulas, com o objetivo de suprir os produtos de um gene estruturalmente anormal no genoma do atleta.

Gabarito comentado

C
Carla CerqueiraMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: relação entre o gene ACTN3 (proteína alfa‑actinina‑3) e performance muscular e conceitos de terapia gênica aplicada ao chamado "doping genético" — especialmente a diferença entre procedimentos in vivo e ex vivo.

Resumo teórico: o alelo R do ACTN3 codifica alfa‑actinina‑3, associada a fibras de contração rápida e desempenho de força/velocidade; o alelo X é uma mutação que impede a síntese da proteína e é mais frequente em atletas de resistência. "Doping genético" refere‑se à manipulação de genes/células para melhorar desempenho (transferência de ácidos nucleicos, genes ou células), podendo ocorrer in vivo — inserção direta do material genético no organismo — ou ex vivo — modificação de células fora do corpo e reintrodução destas no indivíduo (definição compatível com WADA e literatura especializada).

Justificativa da alternativa D: ela descreve corretamente o procedimento ex vivo: genes são transferidos para células em cultura e essas células modificadas são reintroduzidas no tecido‑alvo, podendo aumentar expressão de hormônios ou proteínas que melhorem desempenho. Essa definição está em acordo com revisões sobre terapia gênica e com discussões sobre estratégias de doping genético (ex.: BAIRROS et al., 2011; WADA).

Análise das alternativas incorretas e estratégia de resolução:

A — Incorreta: afirma que corredores de longa distância tendem a ter ao menos uma cópia R. Na realidade, a ausência da proteína (genótipo XX) é associada a melhor desempenho de resistência; além disso, dizer que "menor quantidade da proteína melhoraria desempenho de fibras rápidas" é contraditório (fibras rápidas dependem da proteína).

B — Incorreta: mistura conceitos. Velocistas precisam de fibras rápidas e tendem a portar R (não XX). A parte sobre ausência da proteína favorecer exercícios aeróbicos está correta para endurance, mas foi atribuída ao grupo errado (velocistas).

C — Incorreta: define doping genético como uso terapêutico por meio de substâncias químicas/fármacos — isso confunde conceitos. Doping genético envolve transferência de genes/células ou elementos genéticos, não simplesmente fármacos químicos; WADA diferencia claramente essas ações.

E — Incorreta: descreve erroneamente terapia gênica in vivo como transferência de proteínas e lipídeos por pílulas. In vivo refere‑se à entrega direta de material genético (vetores, DNA/ RNA) no organismo, não à administração oral de proteínas/lipídeos para substituir produtos gênicos.

Dica de prova: procure palavras‑chave — "in vivo" = manipulação diretamente no corpo; "ex vivo" = células modificadas fora e reintroduzidas. Relacione alelos ACTN3 (R vs X) com fenótipo: R → potência/velocidade; X → resistência.

Fontes: Bairros et al., Rev. Bras. Ciênc. Esporte (2011); World Anti‑Doping Agency (WADA) — definições sobre gene doping.

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