O mapa (...) sempre despertou em todo tempo, em todos os lugares e em todas as pessoas
interesses dos mais diversos, dentre os quais o mais almejado pelos homens foi o de fazer
dele um poderoso instrumento de poder, conquista e dominação. Essa é talvez a sua
dimensão política mais conhecida. (...) o mapa adquire feições das mais diversas: por
momentos não passa de um simples croqui pedagógico aparentemente “ingênuo”; mais
adiante, já é um documento “técnico” reservado a “especialistas”; na surdina, é segredo de
Estado, que só pode ser visto e utilizado por comandantes e executivos de grandes
corporações militares ou civis. Muitos são os pretextos para não dar divulgação ampla a
determinados mapas.
Fonte: TEIXEIRA NETO, Antonio. Cartografia, território e poder: dimensão técnica e política na utilização de
mapas. IN: Boletim Goiano de Geografia. Goiania, v. 26, n. 2: 49-69, 2006. Acesso em: 30 abr 2017.
O excerto anterior aponta uma das dimensões políticas dos mapas. Sobre esse assunto é
possível afirmar corretamente:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: a questão aborda a dimensão política dos mapas — como escolhas técnicas (projeção, escala, símbolos, generalização, seleção de informações) carregam visões de mundo e podem favorecer interesses.
Resumo teórico (sintético): mapas não são representações neutras. Segundo Teixeira Neto (2006) e autores clássicos como Monmonier (How to Lie with Maps), decisões cartográficas moldam interpretações do espaço e podem ser usadas para exercer poder (militar, econômico, ideológico). Elementos técnicos influenciam o que é visível, o que é omitido e como o público interpreta o território.
Por que B está certa: a alternativa afirma que escolhas técnicas têm dimensão política, ou seja, podem veicular ideologias e influenciar leituras do espaço. Isso sintetiza a ideia central do texto de apoio: o mapa é ferramenta técnica e política. Logo, B reflete corretamente o conteúdo teórico e empírico sobre cartografia como instrumento de poder.
Análise das incorretas:
- A — incorreta: parte de falso pressuposto: mapas não representam territórios de forma neutra e não só planisférios são instrumentos de poder. Poder cartográfico não se limita a um tipo de mapa nem à “localização de recursos” apenas.
- C — incorreta: inovações (imagens de satélite, SIG) aumentaram o volume e o acesso à informação cartográfica; não eliminaram a importância dos produtos nem necessariamente elitizaram o acesso — ao contrário, democratizaram dados, ainda que haja desafios de interpretação e controle.
- D — incorreta: escala modifica representações; fenômenos são representados de forma diferente segundo a escala e escolhas de generalização. Portanto, a construção em diferentes escalas não anula a dimensão política, muitas vezes a acentua.
- E — incorreta: reduz a dimensão política apenas a “mapas políticos”. Na verdade, qualquer mapa (temático, topográfico, urbano) pode ter implicações políticas conforme o que mostra/oculta e como o faz.
Dica de prova: procure termos-chave no enunciado como “dimensão política”, “escolhas técnicas” e relacione-os aos conceitos cartográficos (projeção, escala, simbolização). Desconfie de alternativas absolutas (sempre, apenas, nunca) — normalmente incorretas.
Fontes úteis: Teixeira Neto (2006); Monmonier, M. (1996). Consulte também manuais de cartografia e materiais do IBGE sobre representação cartográfica para exemplos práticos.
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