Questão 4cff3f60-b1
Prova:IFF 2017
Disciplina:Geografia
Assunto:Cartografia, Projeções e Representações

O mapa (...) sempre despertou em todo tempo, em todos os lugares e em todas as pessoas interesses dos mais diversos, dentre os quais o mais almejado pelos homens foi o de fazer dele um poderoso instrumento de poder, conquista e dominação. Essa é talvez a sua dimensão política mais conhecida. (...) o mapa adquire feições das mais diversas: por momentos não passa de um simples croqui pedagógico aparentemente “ingênuo”; mais adiante, já é um documento “técnico” reservado a “especialistas”; na surdina, é segredo de Estado, que só pode ser visto e utilizado por comandantes e executivos de grandes corporações militares ou civis. Muitos são os pretextos para não dar divulgação ampla a determinados mapas.
Fonte: TEIXEIRA NETO, Antonio. Cartografia, território e poder: dimensão técnica e política na utilização de mapas. IN: Boletim Goiano de Geografia. Goiania, v. 26, n. 2: 49-69, 2006. Acesso em: 30 abr 2017.

O excerto anterior aponta uma das dimensões políticas dos mapas. Sobre esse assunto é possível afirmar corretamente:

A
Ao representar de forma neutra os territórios, apenas os planisférios são instrumentos de poder daqueles que os monopolizam por guardarem um saber sobre a localização de recursos naturais e humanos.
B
As diversas escolhas técnicas efetuadas pelos produtores dos mapas possuem uma dimensão política, pois têm o potencial de veicular visões de mundo, ideologias e influenciar a interpretação sobre a organização de territórios.
C
As inovações tecnológicas, como as imagens de satélite, reduziram a importância dos produtos cartográficos e os altos custos envolvidos elitizaram a produção e o acesso a esses produtos.
D
A construção, em diferentes escalas, anula a dimensão política dos mapas, pois demonstra que de forma insensível à escala os mesmos fenômenos serão sempre representados e da mesma maneira.
E
Possuem dimensões políticas apenas os “mapas políticos”, ou seja, aqueles que representam as divisões político-administrativas das áreas representadas, sejam nacionais ou internacionais.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: a questão aborda a dimensão política dos mapas — como escolhas técnicas (projeção, escala, símbolos, generalização, seleção de informações) carregam visões de mundo e podem favorecer interesses.

Resumo teórico (sintético): mapas não são representações neutras. Segundo Teixeira Neto (2006) e autores clássicos como Monmonier (How to Lie with Maps), decisões cartográficas moldam interpretações do espaço e podem ser usadas para exercer poder (militar, econômico, ideológico). Elementos técnicos influenciam o que é visível, o que é omitido e como o público interpreta o território.

Por que B está certa: a alternativa afirma que escolhas técnicas têm dimensão política, ou seja, podem veicular ideologias e influenciar leituras do espaço. Isso sintetiza a ideia central do texto de apoio: o mapa é ferramenta técnica e política. Logo, B reflete corretamente o conteúdo teórico e empírico sobre cartografia como instrumento de poder.

Análise das incorretas:

  • A — incorreta: parte de falso pressuposto: mapas não representam territórios de forma neutra e não só planisférios são instrumentos de poder. Poder cartográfico não se limita a um tipo de mapa nem à “localização de recursos” apenas.
  • C — incorreta: inovações (imagens de satélite, SIG) aumentaram o volume e o acesso à informação cartográfica; não eliminaram a importância dos produtos nem necessariamente elitizaram o acesso — ao contrário, democratizaram dados, ainda que haja desafios de interpretação e controle.
  • D — incorreta: escala modifica representações; fenômenos são representados de forma diferente segundo a escala e escolhas de generalização. Portanto, a construção em diferentes escalas não anula a dimensão política, muitas vezes a acentua.
  • E — incorreta: reduz a dimensão política apenas a “mapas políticos”. Na verdade, qualquer mapa (temático, topográfico, urbano) pode ter implicações políticas conforme o que mostra/oculta e como o faz.

Dica de prova: procure termos-chave no enunciado como “dimensão política”, “escolhas técnicas” e relacione-os aos conceitos cartográficos (projeção, escala, simbolização). Desconfie de alternativas absolutas (sempre, apenas, nunca) — normalmente incorretas.

Fontes úteis: Teixeira Neto (2006); Monmonier, M. (1996). Consulte também manuais de cartografia e materiais do IBGE sobre representação cartográfica para exemplos práticos.

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