Questão 4cd6cca4-4b
Prova:UNIFESP 2007
Disciplina:Geografia
Assunto:Fontes de energia e recursos naturais, Energia

A adoção de usinas nucleares para gerar energia voltou ao debate no Brasil em função da anunciada crise energética. Entre as implicações mais graves que este modelo de geração de energia cria, está

A
o aumento do poder militar do Brasil, que ganhará um posto no Conselho de Segurança da ONU.
B
o lixo atômico, cuja atividade prolonga-se por gerações.
C
a ameaça de explosão por ambientalistas radicais.
D
a obrigação do país de não produzir armas nucleares, que mantém o status quo nuclear mundial.
E
o risco de acidentes fatais, dado o vazamento freqüente de material radioativo.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B — o lixo atômico, cuja atividade prolonga‑se por gerações.

Tema central: impactos socioambientais da energia nuclear. É preciso distinguir riscos técnicos (resíduos radioativos, acidentes) de interpretações políticas ou sensacionalistas (explosões, ganho automático de poder militar).

Resumo teórico: usinas nucleares geram eletricidade por fissão; produzem resíduos de baixa, média e alta atividade. O lixo de alta atividade (combustível irradiado) contém radionuclídeos de meia‑vida longa (ex.: plutônio‑239 ≈ 24.100 anos) e exige confinamento seguro por centenas a milhares de anos. A gestão envolve armazenamento temporário, acondicionamento e, idealmente, um repositório geológico profundo. Fontes relevantes: IAEA — Safety Standards and Radioactive Waste Management; CNEN (normas e guias brasileiros) e publicações acadêmicas sobre ciclo do combustível.

Por que B está correta: entre as implicações mais graves da energia nuclear, a gestão de resíduos é amplamente considerada a mais duradoura e complexa: riscos de contaminação a longo prazo, custos elevados, conflitos sociais (NIMBY), e necessidade de soluções de engenharia e governança que ultrapassam gerações. Essas características tornam o lixo atômico uma consequência distinta e comprovada da opção nuclear.

Análise das alternativas incorretas:

A — inválida: ter usinas não confere automaticamente influência militar nem assento no Conselho de Segurança da ONU. A composição do Conselho é política, não tecnológica.

C — inválida: “ameaça de explosão por ambientalistas radicais” mistura causa e efeito de forma absurda. Ambientalistas podem protestar, mas não transformam reatores civis em bombas nucleares; reatores não explodem como armas nucleares. Risco de protesto é social, não uma causa técnica de explosão nuclear.

D — inválida/enganosa: operar usinas implica salvaguardas e verificações (IAEA, acordos regionais, Tratado de Tlatelolco) para prevenir proliferação, mas dizer que cria “a obrigação de não produzir armas” como se fosse a principal implicação é simplista. Salvaguardas existem independentemente da decisão de construir usinas e não explicam os problemas ambientais e de gestão de resíduos.

E — incorreta por exagero: existe risco de acidentes (Chernobyl, Fukushima mostram gravidade), porém dizer que há “vazamento freqüente” é falso. Incidentes são raros, embora de alto impacto; a questão pede a implicação mais grave e duradoura — o lixo atômico.

Estratégia de prova: identifique termos objetivos (gestão de resíduos, meia‑vida, repositórios) vs. afirmações sensacionalistas ou políticas. Prefira alternativas que apresentem consequências técnicas comprovadas e duradouras.

Fontes úteis: IAEA — "Radioactive Waste Management" e normas CNEN sobre gestão de rejeitos radioativos.

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