Leia:
“Falar da organização regional do espaço brasileiro é algo muito
complexo, pois se trata da regionalização de um país de grandes
dimensões que tem passado por um complexo e desigual processo
de diferenciação que envolve o espaço e o tempo. (...) O Nordeste
pode ser definido como a região das perdas”.
(Corrêa, Roberto Lobato. Trajetórias Geográficas. Bertrand Brasil. P,197 e 204)
Esse conjunto de perdas pode ser atribuído:
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B
Tema central: regionalização e desigualdades regionais do Brasil — especialmente o Nordeste entendido como “região das perdas”. É preciso relacionar processos econômicos (crise agropecuária, modernização agrícola) e demográficos (migrações internas) que explicam o declínio relativo dessa região.
Resumo teórico: mudanças estruturais (séculos XIX–XX) — seca, mecanização, queda de preços de produtos tradicionais e concentração fundiária — provocaram redução da viabilidade de muitas atividades rurais. Isso gerou migrações de saída (fluxos nordeste→sudeste e para centros urbanos), causando perda demográfica relativa e fragilização econômica. (Fonte: Corrêa, Trajetórias Geográficas; dados: IBGE/Atlas do Desenvolvimento Humano).
Justificativa da alternativa correta (B): a frase “região das perdas” refere‑se precisamente à perda de dinamismo agropecuário em muitas áreas e à emigração massiva (migrações inter-regionais e para cidades), reduzindo participação econômica e ocasionando deslocamento populacional. Portanto, a combinação declínio agropecuário + perda demográfica é a explicação coerente e respaldada pela literatura e estatísticas históricas — logo, a B é correta.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: descreve “aumento estratosférico de cacau e borracha no Agreste”. Cacau é concentrado no Sul da Bahia, borracha na Amazônia; não houve esse fenômeno no Agreste que justificasse “perdas”.
C — incorreta: atribui perdas a “mortes que diminuíram bruscamente a população absoluta da Bahia e Tocantins”. Não há evidência de mortes em escala que reduzissem a população absoluta desses estados; as dinâmicas são de migração e de desigual desenvolvimento. Além disso, Tocantins é um estado recente (1988) e não compõe o Nordeste tradicional.
D — incorreta: afirma que o coronelismo implantou “uma sociedade mais justa e livre”. Na verdade, o coronelismo foi associado a clientelismo, controle político local e desigualdade, logo não explica “perdas” como ganho de justiça.
E — incorreta: fala de “saques frequentes das lavouras de alta produtividade no sertão”. O sertão é marcado por baixa produtividade agrícola e secas; saques generalizados não são explicação histórica plausível para o quadro de perdas.
Estratégias para interpretar enunciados:
- Identifique palavras-chave (aqui: “perdas”).
- Verifique coerência geográfica e histórica das alternativas (ex.: localização do cacau, borracha, cronologia de Tocantins).
- Elimine opções com afirmações factualmente erradas ou valorativas sem respaldo.
Fontes sugeridas: Corrêa, R. L., Trajetórias Geográficas; IBGE; Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD/IBGE).
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