A Doença de Chagas, originariamente, uma enfermidade com distribuição geográfica restrita, e presente apenas em
mamíferos silvestres, tais como tatu, gambá, preguiça, tamanduá, tornou-se uma doença nacional, estendendo-se do
Maranhão ao Rio Grande do Sul, afetando seres humanos e espécies domésticas como cães e gatos. Transmitida pelo
barbeiro, vetor do Trypanosoma cruzi, infectou milhões de brasileiros domiciliados principalmente em áreas rurais.
Essa transição epidemiológica da Doença de Chagas e o aumento da incidência em humanos podem ser atribuídos:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: epidemiologia da Doença de Chagas e fatores que promoveram a transição de um ciclo silvestre para ciclos domiciliar e peridomiciliar, aumentando a exposição humana. É preciso entender o ciclo de Trypanosoma cruzi, o papel do vetor (triatomíneos) e como alterações ambientais e socioeconômicas favorecem a sinantropização do vetor.
Resumo teórico progressivo:
Trypanosoma cruzi é um protozoário transmitido principalmente por triatomíneos (barbeiros). Em ambientes naturais existe ciclo silvestre entre mamíferos nativos; mudanças no uso da terra (desmatamento, ampliação de fronteiras agrícolas) deslocam vetores e reservatórios, aproximando-os de habitações humanas e de espécies domésticas (cães, gatos), o que facilita a transmissão domiciliar (Ministério da Saúde; OMS).
Justificativa da alternativa A: A ampliação de fronteiras agrícolas traduz invasão e modificação de ambientes florestais — processo que destrói habitat silvestre e força triatomíneos e mamíferos reservatórios a buscar abrigo em construções humanas e currais. Assim aumenta-se o contato vetor-humano/animal, explicando a expansão geográfica e a urbanização da doença. (Ver: OMS — Chagas disease fact sheet; Ministério da Saúde, Guia de Vigilância).
Análise das alternativas incorretas:
B — Extermínio de cães e gatos: impossível explicar aumento da incidência; ao contrário, eliminação indiscriminada de reservatórios não é histórica nem prática responsável e não foi causa real da expansão.
C — Poluição hídrica e redução de peixes predadores: triatomíneos são insetos terrestres que não têm fase larval aquática dependente de peixes; essa relação é biologicamente incorreta.
D — Redução da biodiversidade por aquecimento global: vaga e pouco específica; embora mudanças climáticas influenciem vetores, a expansão histórica da Doença de Chagas no Brasil está muito mais ligada à mudança de uso do solo e condições de moradia do que a um processo global de aquecimento.
E — Moluscos africanos infectados: T. cruzi é um parasita neotropical (Américas); moluscos africanos não são reservatórios relevantes — alternativa biologicamente errada.
Dica de prova: procure na pergunta indícios de causa antropogênica (expansão agrícola, migração, alteração de habitat). Relacione sempre o agente, o vetor e o ambiente — isso ajuda a eliminar alternativas biologicamente inconsistentes.
Fontes recomendadas: OMS — Doença de Chagas (fact sheet); Ministério da Saúde (Brasil) — Diretrizes/Guia de Vigilância Epidemiológica da Doença de Chagas.
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