A gripe, ao contrário de outras infecções, exige a produção de uma nova vacina a cada ano, pois a taxa de evolução do
vírus é muito alta, gerando linhagens suficientemente distintas dos vírus que circularam nos anos anteriores. Biólogos
têm analisado a filogenia de uma proteína de superfície do vírus da gripe, a hemaglutinina, podendo, assim, prever
aquelas linhagens circulantes com maior probabilidade de se tornarem ameaças epidemiológicas em estações de gripe
futuras. A alta taxa evolutiva do vírus da gripe pode ser explicada:
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: evolução rápida de vírus da gripe e por que é necessária nova vacina anualmente. É preciso entender mutação em RNA vírus, pressão de seleção imunológica e os conceitos de antigenic drift e antigenic shift.
Resumo teórico progressivo:
- Vírus influenza têm genoma de RNA e usam RNA‑dependente RNA polimerase, que é propensa a erros. Isso gera muitas mutações (alta taxa evolutiva).
- A hemaglutinina (HA) é uma proteína de superfície alvo de anticorpos; mutações em HA alteram epítopos, permitindo escape imunológico — processo chamado antigenic drift.
- A seleção natural imposta pelo sistema imune (pessoas já expostas ou vacinadas) favorece variantes que escapam da imunidade pré‑existente, levando ao surgimento de linhagens distintas a cada estação.
- Reassortment (antigenic shift) pode gerar mudanças bruscas e pandemias, mas o motivo das vacinas anuais é, principalmente, o acúmulo de pequenas mutações + seleção imune.
Justificativa da alternativa C: A frase aponta a forte seleção natural do sistema imune humano contra a maioria das linhagens. Isso explica por que apenas variantes com mutações que escapam da resposta imune se tornam prevalentes — portanto, a alta taxa observada de linhagens diferentes é consequência da combinação de mutação elevada e seleção imune. Essa é a explicação clássica usada por organismos como WHO e CDC sobre evolução do influenza (ver: WHO Global Influenza Programme; CDC — How flu virus can change).
Análise das alternativas incorretas:
A: Antibióticos agem contra bactérias, não vírus; uso indevido não aumenta taxa de mutação viral.
B: Contato frequente aumenta transmissão, não a taxa molecular de evolução nem explica por que surgem variantes antigenicamente distintas.
D: Mesma falha que A: antivirais (não antibióticos) atuam em vírus; resistência a antibióticos não se aplica a vírus.
E: Vacinação de grupos‑alvo protege populações vulneráveis; embora vacinas possam exercer pressão seletiva local, a explicação principal da necessidade anual é a mutabilidade do vírus + seleção imunológica global, não a vacinação restrita a esses grupos.
Dica de interpretação: Ao ver frases como "taxa de evolução muito alta" e referência a proteínas de superfície (hemaglutinina), busque respostas que envolvam mutação e seleção imunológica. Descarte opções que confundem vírus com bactérias (antibióticos) ou que tratam apenas de transmissão.
Fontes: WHO — Global Influenza Programme; CDC — "How the Flu Virus Can Change"; manuais de virologia (por exemplo, Fields Virology) para conceitos de mutação e seleção.
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