Questão 3e5a2cb3-29
Prova:UFBA 2013
Disciplina:Biologia
Assunto:Hereditariedade e diversidade da vida, Câncer

      Pesquisadores americanos e canadenses descobriram que um dos tipos de células-tronco, as chamadas luminais progenitoras (que dão origem a um tipo de tecido mamário), são geneticamente mais vulneráveis às transformações que levam ao câncer. O trabalho demonstra que os telômeros nessas células são naturalmente menores, independentemente da idade.

      Buscando uma explicação para a associação entre a ocorrência de câncer mamário e o tamanho dos telômeros, pode-se afirmar:


Telômeros menores são característicos de células indiferenciadas, o que predispõe as células luminais progenitoras a sucessivos ciclos de divisão celular.


C
Certo
E
Errado

Gabarito comentado

P
Pâmela ArrudaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E — Errado

Tema central: telômeros, capacidade de divisão celular e relações com células-tronco/progenitoras e câncer. É importante distinguir células verdadeiramente indiferenciadas (stem cells) de células progenitoras parcialmente comprometidas.

Por que a afirmação está errada

A frase afirma que “telômeros menores são característicos de células indiferenciadas, o que predispõe as células luminais progenitoras a sucessivos ciclos de divisão celular.” Isso contém dois equívocos principais:

  • Direção invertida: células indiferenciadas (células-tronco) tendem a manter telômeros mais longos e têm mecanismos de manutenção (ex.: telomerase) para preservar a capacidade de autorrenovação. Telômeros curtos são típicos de células que já passaram por muitas divisões ou que não possuem manutenção ativa — não de células “mais indiferenciadas”. (Ver: Alberts et al.; Blackburn, Greider & Szostak).
  • Consequência errada: telômeros curtos não predispõem a sucessivos ciclos de divisão; ao contrário, o encurtamento progressivo leva ao limite replicativo, senescência ou morte celular. Contudo, telômeros muito curtos podem causar instabilidade genômica, o que, se combinado com perda de controles e/ou reativação de telomerase, pode favorecer transformação maligna. Ou seja: telômeros curtos contribuem para risco por instabilidade, não por aumentar diretamente o número de divisões. (Ver: Shay & Wright, Nat Rev Cancer).

Aplicação ao caso das luminal progenitoras: estudos indicam que essas células podem apresentar telômeros relativamente mais curtos do que outras populações, o que as torna mais vulneráveis à instabilidade genética — explicando maior risco tumoral. Mas isso não significa que telômeros curtos sejam marca de “indiferenciação” nem que provoquem aumento de ciclos de divisão; a interpretação do enunciado mistura conceitos e reverte causalidades.

Dica para provas: ao ver afirmações que relacionam telômero curto → maior divisão, questione a direção causal. Lembre-se: telômeros longos + telomerase = maior potencial replicativo; telômeros curtos = sinal de replicações anteriores e risco de instabilidade genética.

Fontes: Alberts et al., Molecular Biology of the Cell; Blackburn, Greider & Szostak (revisões sobre telômeros); Shay & Wright, Nat Rev Cancer (telomerase e câncer).

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