Questão 3e3d8b9a-29
Prova:UFBA 2013
Disciplina:Biologia
Assunto:Núcleo interfásico e código genético, Moléculas, células e tecidos

Ao analisar ao microscópio células nervosas doentes em amostras de tecido cerebral de um paciente que morreu vítima de Alzheimer, um patologista pode identificar grânulos anormais de material. Eles são formados por proteínas ausentes em células sadias. De onde viriam, e por que existem tantos deles? E mais importante: qual a relação entre essas proteínas e a doença devastadora e incurável? Durante a busca por respostas, ocorreu uma descoberta surpreendente: as proteínas que se acumulam nos neurônios de pacientes com Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas têm comportamento muito parecido com o de príons. (WALKER; JUCKER, 2013, p. 45).


Sobre a natureza dos príons e sua relação com doenças neurodegenerativas, pode-se afirmar:


A estrutura primária das proteínas alteradas revelam mutações em diferentes pontos da cadeia nucleotídica codificante.


C
Certo
E
Errado

Gabarito comentado

C
Carla CerqueiraMonitor do Qconcursos

Resposta: E — Errado

Por que essa alternativa está correta (isto é, por que a afirmação é falsa):

A frase afirma que a estrutura primária das proteínas alteradas revela mutações na cadeia nucleotídica codificante. Isso implicaria que as proteínas patológicas sempre têm alteração na sequência de aminoácidos decorrente de mutações gênicas. Essa afirmação é incorreta.

Conceitos-chave: - Estrutura primária = sequência de aminoácidos determinada pela sequência nucleotídica do gene. - Misfolding (conversão conformacional) = mudança na conformação tridimensional da proteína sem alteração na sua sequência primária.

Nos príons clássicos (p. ex. PrP): a forma patológica (PrPSc) resulta da conversão conformacional de PrPC — mesma sequência primária, diferente dobramento e propriedades físico‑químicas. Ou seja, não é necessário haver mutação no gene para que ocorra doença (existem formas esporádicas e transmissíveis). Existem formas familiares associadas a mutações no gene PRNP, porém elas representam apenas uma parte dos casos.

De modo análogo, em doenças neurodegenerativas com comportamento "prion‑like" (como Alzheimer), as proteínas que se agregam (beta‑amiloide, tau) podem acumular‑se por alteração no processamento proteico ou por falhas na proteostase, sem que ocorra necessariamente mutação no gene. Mutação existe em formas hereditárias raras (ex.: mutações em APP, PSEN1/2 em alguns casos familiares de Alzheimer), mas não é regra.

Conclusão didática: a afirmação é generalizadora e equivocada porque confunde mudança de conformação/agregação com mudança da sequência primária. A presença de mutações pode ocorrer em casos familiares, mas não é requisito nem explicação geral para os depósitos proteicos observados.

Dica para provas: desconfie de enunciados absolutos que usem termos como "revelam mutações" sem qualificar — procure distinguir sequência primária (mutação gênica) de alteração conformacional/post‑translacional.

Fontes-sugestão: Prusiner (1998) sobre príons; Walker & Jucker (2013) — revisão citada no enunciado.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo