Em relação à afirmação “tropeço para adiante” presente no
texto, é possível inferir como um significado coerente com a
proposta do autor o explicitado em
A evolução, assim como a replicação do
ácido nucleico, própria da reprodução e da
autopoese — capacidade de auto-organização e
autorregeneração dos seres vivos —, é um
“tropeço para adiante”, destinado a protelar a
ameaça da dissolução termodinâmica. A maioria
dos átomos de nossos corpos é feita de
hidrogênio — o elemento que, como gás, de
acordo com os modelos astronômicos, foi
explosivamente deslocado para além dos confins
do sistema solar interno, quando o Sol se
acendeu. Hoje em dia, gases ricos em hidrogênio,
como a amônia, existem não apenas nas
atmosferas dos gigantescos planetas externos,
mas também no sistema solar interno, onde a
vida os preservou com sua mesmíssima estrutura,
desde que começou a se manter e a se reproduzir.
(MARGULIS & SAGAN, 2002, p. 92).
Gabarito comentado
Resposta correta: B
Tema central: a relação entre evolução, replicação do material genético e o conceito de sistemas vivos como máquinas que mantêm ordem interna longe do equilíbrio termodinâmico. Para resolver a questão é preciso entender autopoiese, termodinâmica de sistemas abertos e papel da reprodução/replicação na manutenção da vida.
Resumo teórico (claro e progressivo):
Autopoiese (Maturana & Varela): organismos mantêm-se como sistemas autocriantes e autorregenerativos, estabelecendo e preservando uma organização interna.
Sistemas longe do equilíbrio: seres vivos são estruturas dissipativas (Prigogine) que exportam entropia ao ambiente para manter ordem interna; a reprodução e a replicação do DNA permitem continuidade dessa organização.
Por que a alternativa B é correta:
A afirmação de B — que processos biológicos mantêm sistemas vivos afastados do equilíbrio termodinâmico ao gerar ordem interna — reflete exatamente a ideia de autopoiese e de estruturas dissipativas. Evolução e replicação não visam estabilidade termodinâmica; antes, permitem que a vida preserve organização contra a tendência natural à desordem. Fontes: Maturana & Varela (autopoiese), Prigogine (estruturas dissipativas).
Análise das alternativas incorretas:
A — fala apenas de mutações que diminuem adaptabilidade e extinção; isso é possível, mas não explica o sentido de “tropeço para adiante” nem a ideia central sobre manter ordem frente à termodinâmica.
C — afirma que reprodução sexuada é o único processo gerador de variação genética; incorreto: mutações, recombinação genética, transferência horizontal e reprodução assexuada também geram variação. Além disso, não responde à noção termodinâmica/autopoética do texto.
D — mistura replicação semiconservativa com expressão gênica; a replicação do DNA assegura cópia da informação, mas expressão (transcrição/tradução) é processo distinto. Logo, é impreciso e fora do foco termo-dinâmico.
E — afirma que evolução/replicação aproximam os seres vivos da dissolução termodinâmica; contraditório ao texto: são mecanismos que protelam essa dissolução, mantendo ordem, não aproximando do colapso.
Estratégia para interpretação: identifique palavras-chave do enunciado (ex.: “autopoese”, “dissolução termodinâmica”, “tropeço para adiante”) e veja qual alternativa dialoga com esses conceitos. Fuja de opções que trazem afirmações absolutas (ex.: “único”, “diretamente responsável”) ou confundem processos distintos (replicação vs expressão).
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