Questão 37206e9b-ff
Prova:UEMG 2019
Disciplina:Geografia
Assunto:Industrialização, Indústria mundial contemporânea

As fábricas Andorinhas

Cada vez mais, as multinacionais de marca – IBM e a General Motors – insistem que são apenas como qualquer um de nós: caçadores de pechinchas em busca do melhor negócio no shopping global. Elas são consumidores muito exigentes, com instruções específicas relacionadas com projeto sob encomenda, matéria-prima, prazos de entrega e, mais importante, a necessidade dos preços mais baixos possíveis. Mas o que não interessa a eles é a onerosa logística de como esses preços caem tanto; construir fábricas, comprar maquinaria e orçar a mão-de-obra têm sido operações rebatidas diretamente para a quadra de terceiros.

(KLEIN, Naomi. Sem Logo: A Tirania das Marcas em um Planeta Vendido. Disponível em: Acesso em: 24/05/2007)


Na atualidade, as indústrias de alta tecnologia estão imprimindo um novo ordenamento no espaço em busca em maiores lucros. Na “busca do melhor negócio no shopping global”, as indústrias de alta tecnologia

A
importam produtos fabricados na Ásia, por melhores preços e qualidade de seus próprios produtos.
B
instalam-se em países ricos, por oferecerem isenção de impostos e fraca regulamentação ambiental.
C
têm suas sedes na América do Norte e Europa, para darem maior qualidade à produção.
D
terceirizam a produção com baixo custo de fabricação, devido à espoliação dos trabalhadores.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: o enunciado trata da reorganização espacial da indústria de alta tecnologia por meio da terceirização e do offshoring — estratégias que visam reduzir custos (especialmente de mão de obra) ao transferir produção para terceiros e/ou países com custos menores.

Resumo teórico: empresas multinacionais de marca concentram pesquisa, design e gestão e deslocam a produção para fornecedores externos integrados em cadeias globais de valor (global value chains). Esse processo busca redução de custos e flexibilidade, frequentemente resultando em condições laborais precárias nos locais de produção (conceitos discutidos por Naomi Klein e estudos de economia geográfica e comércio internacional — por ex., Gereffi sobre global value chains; relatórios da UNCTAD sobre investimento estrangeiro).

Justificativa da alternativa D: A alternativa D afirma que essas indústrias "terceirizam a produção com baixo custo de fabricação, devido à espoliação dos trabalhadores." Isso sintetiza corretamente a ideia do texto: marcas transferem custos para fornecedores que empregam mão de obra barata e com fraca proteção social, permitindo preços mais baixos. O termo espóliação refere-se à extração de excedente do trabalho, condizente com críticas ao modelo global de produção.

Análise das alternativas incorretas:

A: "importam produtos fabricados na Ásia, por melhores preços e qualidade..." — Parcialmente verdadeira (importação existe), mas o foco do texto não é qualidade superior; é a busca por custos mínimos via terceirização. Portanto a alternativa simplifica e desloca o argumento.

B: "instalam-se em países ricos, por oferecerem isenção de impostos..." — Contraditório: multinacionais geralmente transferem produção para países com custos mais baixos (países em desenvolvimento), não para países ricos. Incentivos fiscais podem atrair sedes ou P&D, mas não explicam o padrão descrito.

C: "têm suas sedes na América do Norte e Europa, para darem maior qualidade à produção." — As sedes frequentemente ficam nessas regiões, mas o motivo não é "dar maior qualidade à produção"; é concentração de capital, design e marketing. A produção é terceirizada para locais com custos menores.

Dica de prova: procure no enunciado palavras-chave (terceirizar, preços mais baixos, logística "onerosa" repassada a terceiros). Elas indicam relação com cadeia global de produção e redução de custos via mão de obra barata — sinal de alternativa ligada à exploração laboral.

Fontes rápidas: Naomi Klein, Sem Logo; estudiosos de global value chains (Gereffi); relatórios UNCTAD e OECD sobre offshoring e investimento direto estrangeiro.

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